Artigo traduzido e adaptado do inglês, publicado pela matriz americana do Epoch Times.
O próximo presidente dos Estados Unidos enfrentará um cenário crítico nas relações com a China comunista, um adversário determinado a mudar a ordem mundial estabelecida pelos EUA. Com uma crescente desconfiança entre a população, um estudo do Pew Research Center revelou que oito em cada dez americanos têm uma visão negativa da China. Em Washington, há um consenso de que o regime chinês não só representa uma ameaça, como também está se aproximando do poder dos EUA em áreas como militar, diplomacia e tecnologia.
A abordagem da política externa em relação à China se intensificou com o ex-presidente Donald Trump, que identificou o país como um “competidor estratégico”. Durante sua administração, Trump implementou tarifas elevadas sobre produtos chineses, controlou o acesso da China à tecnologia de semicondutores e redirecionou a estratégia de segurança nacional, focando na China e na Rússia, em vez do Oriente Médio.
O governo Biden deu continuidade a muitas dessas políticas rígidas, e se espera que o próximo candidato à presidência também mantenha essa postura, embora cada um deles possa ter nuances em suas estratégias e escolhas de conselheiros.
Comércio: A Batalha pela Liderança Econômica
Tanto Donald Trump quanto Kamala Harris, a atual vice-presidente e candidata democrata, concordam na necessidade de controlar bens e tecnologias estratégicas. Ambos reconhecem a importância de investir em inovação, repatriar cadeias de suprimentos e combater as práticas comerciais desleais da China. “A America, e não a China, deve prevalecer na competição do século 21”, tem enfatizado Harris.
No último mês, a administração Biden firmou tarifas que mantêm as taxas da era Trump, elevando-as em relação a determinados minerais e tecnologias críticos. Em um discurso em Pittsburgh, a vice-presidente declarou: “Agirei de forma rápida e firme se a China quebrar as regras em prejuízo de nossos trabalhadores e empresas”.
O enfoque da plataforma republicana sob Trump parece mais agressivo. Ela promete revogar o status de relações comerciais normais permanentes da China e até iniciar novas tarifas que poderiam ultrapassar 60% sobre bens chineses. Segundo Dennis Wilder, ex-oficial de segurança nacional, essa ameaça de tarifas mais altas é uma estratégia de negociação que poderia resultar em um acordo comercial favorável, similar ao que foi feito em 2020.
Por outro lado, Harris favorece a ideia de um “desriscar”, ao invés de um desacoplamento das economias dos dois países, defendendo que a interdependência econômica pode trazer mais estabilidade.
Segurança: A Proposta de uma Nova Estratégia
A crescente tensão em relação às ações agressivas da China, especialmente no Indo-Pacífico, tem gerado um amplo consenso em Washington sobre a necessidade de contenção. Trump adota a visão de que a manutenção da paz deve vir da demonstração de força militar. Ele priorizou a modernização das armas nucleares e interrompeu cortes no arsenal dos EUA. Em contraste, o governo Biden, ao atualizar a estratégia militar, eliminou certas referências que apontavam para um estoque nuclear robusto.
Uma pesquisa indicou que os apoiadores de Trump estão mais propensos a acreditar que o arsenal nuclear dos EUA realmente contribui para a segurança nacional em comparação aos apoiadores de Biden. Harris, como senadora, já havia defendido cortes no orçamento de defesa, mas reconhece que a supremacia aérea e espacial dos EUA é fundamental para a segurança global.
A estratégia do Indo-Pacífico, iniciada por Trump e continuada por Biden, coloca a região como o principal foco da política externa dos EUA. Entretanto, ambos enfrentam desafios ao equilibrar as tensões de conflitos regionais em outros lugares, como a guerra Rússia-Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio.
Fentanil: Um Desafio de Saúde Pública
Um dos temas mais delicados nas relações EUA-China é a questão do fentanil, que se tornou a principal causa de morte entre os americanos com idades entre 18 e 45 anos. Nos últimos dez anos, os Estados Unidos perderam cerca de meio milhão de vidas devido a esta droga. Grande parte dos insumos necessários para sua produção é enviada da China para o México.
No início do ano, a administração Biden relançou um programa de colaboração antidrogas com a China. Apesar das promessas de ações mais severas por parte do governo chinês, até agora, a resposta tem sido considerada tímida e insatisfatória.
Kamala Harris declarou ser uma prioridade interromper o fluxo de fentanil para os EUA, enquanto Trump sugere que se ele for reeleito, usará sua influência para pressionar a China a aplicar sanções severas contra traficantes em seu território.
Engajamento: Um Caminho a Seguir
Embora as relações entre EUA e China tenham se tornado mais tensas sob Trump, a plataforma do Partido Democrata sugere uma disposição maior para o diálogo, com a proposta de uma abordagem que combine firmeza e inteligência. Harris e Biden acreditam na importância de manter linhas de comunicação abertas para evitar que mal-entendidos possam escalar em conflitos. No entanto, críticos argumentam que o Partido Comunista Chinês tem uma história de manipulação nas negociações internacionais.
A percepção de que as relações podem se estabilizar levanta questões sobre como a política dos EUA deve se ajustar ao novo cenário. Se a China estiver realmente enfrentando um declínio, como sugerido por alguns analistas, as respostas políticas dos EUA podem ser mais flexíveis. Porém, se a interpretação é que a China se abala e se fortalece, uma postura mais combativa poderá ser necessária.
Direitos Humanos: Um Ponto Crítico na Relação
Outro aspecto importante da relação EUA-China é a questão dos direitos humanos. Ambos os candidatos expressaram preocupações sobre os abusos cometidos pelo regime chinês. Durante seu tempo como senadora, Harris foi coautora de diversas leis visando a proteção dos direitos humanos em Hong Kong e Xinjiang, que foi apoiada por Trump durante sua administração. O destaque para o genocídio dos uigures também foi uma importante declaração feita na última fase do governo Trump, que ainda ressoa nas discussões atuais.
Os dois lados reconhecem que os abusos dos direitos humanos na China não podem ser ignorados e que a posição dos EUA em relação a esse tema deve ser clara e rigorosa.
O próximo presidente enfrentará uma tarefa monumental ao tentar navegar nesse complexo cenário de relações com a China. A pressão interna, as questões geopolíticas em jogo e as dificuldades comerciais exigem uma abordagem que equilibre firmeza e diplomacia, enquanto a necessidade de manter um diálogo aberto permanece essencial.
Você concorda com a forma como os EUA devem se posicionar na relação com a China? O que você acha que deveria ser prioridade para o próximo presidente? Compartilhe suas opiniões!