domingo, dezembro 22, 2024

U.S. Agricultores Suplicam a Trump: Protejam os Trabalhadores da Deportação!


Reuters – Marco Bello

Durante seu primeiro mandato, Trump garantiu ao setor agrícola que os trabalhadores rurais estariam a salvo de deportações em massa.

A Pressão do Setor Agrícola: Um Apelo por Isenção

Nos Estados Unidos, líderes do setor agrícola estão fazendo um apelo urgente ao presidente eleito Donald Trump: que ele reveja sua promessa de deportações em massa. É um pedido considerado crucial, pois a produtividade da agricultura americana depende fortemente de trabalhadores imigrantes, muitos dos quais estão no país sem a devida documentação.

Uma Situação Delicada

Cerca de 50% dos 2 milhões de trabalhadores rurais nos EUA estão em situação irregular. Essa estatística vem de registros dos Departamentos de Trabalho e Agricultura, e inclui uma parcela significativa de funcionários em setores como laticínios e frigoríficos.

Trump, em sua campanha, garantiu que milhões de imigrantes ilegais seriam deportados. Essa ação, vêem alguns especialistas, poderia não apenas desestabilizar a cadeia de suprimentos de alimentos, mas também gerar consequências severas na economia, como a separação de famílias. O discurso do novo “czar da fronteira”, Tom Homan, indica que a prioridade será a deportação de criminosos, mas nenhum imigrante em situação irregular será automaticamente excluído dessas ações.

Os Efeitos de uma Deportação em Massa

Segundo David Ortega, professor de economia na Universidade Estadual de Michigan, o afastamento em massa de trabalhadores do campo poderia resultar em uma crise de abastecimento alimentar, causando um aumento significativo nos preços ao consumidor. Ele ressalta que muitos dos empregos na agricultura são evitados por trabalhadores nativos, que muitas vezes não se mostram dispostos ou qualificados para essas funções.

O Que Dizem os Representantes do Setor?

Dave Puglia, presidente da Western Growers, uma entidade que representa produtores agrícolas, expressou preocupação com os possíveis desdobramentos de um plano de deportação que impactasse a mão de obra agrícola. A estratégia de priorizar criminosos em vez de trabalhadores do setor alimentício é vista como esperançosa, mas ainda é incerta.

Recentemente, a porta-voz de Trump, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente recebeu um mandato claro para implementar suas promessas de campanha. Ela não abordou diretamente as preocupações dos agricultores, mas enfatizou que ele se comprometerá a cumprir o que prometeu aos eleitores.

A Agricultura e sua Importância Econômica

A agricultura e setores associados contribuíram com impressionantes US$ 1,5 trilhão (cerca de R$ 8,7 trilhões na cotação atual) para o PIB dos EUA em 2023, representando 5,6% da economia do país. Durante seu primeiro mandato, Trump assegurou ao setor que sua política de deportação não incluiria trabalhadores agrícolas. No entanto, diversas operações de fiscalização ocorreram em fábricas de processamento de aves, como as do Mississippi.

Alternativas Legais: O Programa H-2A

Os agricultores têm à disposição o programa de visto H-2A, que permite a contratação de trabalhadores sazonais. No entanto, esse programa apenas cobre cerca de 20% da necessidade total de mão de obra agrícola, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. Muitos agricultores enfrentam dificuldades financeiras que os impedem de atender às exigências de salário e moradia estabelecidas para esses vistos. Além disso, há casos em que a demanda por mão de obra é constante ao longo do ano, tornando insuficientes os vistos sazonais.

A Luta por Reformas Imigratórias

Agricultores e trabalhadores têm se unido por décadas em busca de uma reforma imigratória que amplie as opções para permanência de trabalhadores no país. No entanto, até o momento, essas tentativas têm enfrentado obstáculos legislativos significativos.

O Impacto do Medo nas Comunidades Rurais

Embora a probabilidade de ação de fiscalização contra as fazendas pareça baixa devido à dependência dos trabalhadores, o clima de incerteza e medo pode afetar profundamente a saúde mental das comunidades rurais. Mary Jo Dudley, diretora do Cornell Farmworker Program, tem promovido treinamentos para ajudar trabalhadores a entenderem seus direitos, uma vez que a ansiedade e o estresse gerados pela possibilidade de deportação são reais.

Especialistas ressaltam a importância de que operações de fiscalização evitem a detenção de trabalhadores que estejam no país legalmente. Para muitos, a força dos laços comunitários pode ser uma forma de resistência e segurança. Edgar Franks, ex-trabalhador rural e diretor político do sindicato Familias Unidas por la Justicia, observou um ressurgir na mobilização entre trabalhadores, que afirma: “A ansiedade e o medo são reais, mas juntos, temos uma chance maior de lutar.”

Reflexão Final

A situação dos trabalhadores rurais nos Estados Unidos é um tema complexo e repleto de nuances. O delicado equilíbrio entre as políticas de deportação e as demandas do setor agrícola não traz respostas fáceis. O que se observa é uma interseção entre o econômico e o humano, onde o futuro das pessoas e a segurança alimentar se entrelaçam. O que será necessário para que as vozes dos agricultores e trabalhadores sejam ouvidas e valorizadas em um debate tão crucial? É um chamado à ação e reflexão, e todos somos parte dela.

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