Desafios da Migração na África: Uma Realidade que Exige Atenção Urgente
A cada ano, milhares de indivíduos enfrentam perigosas jornadas na África, movidos pela busca de uma vida melhor diante da pobreza extrema, instabilidade política e desastres climáticos. A situação é grave e exige atenção global.
Segundo dados da Organização Internacional para Migrações (OIM), as principais rotas de migração na África se direcionam para o leste e sul do continente, onde muitos buscam abrigo e oportunidades nas regiões mais desenvolvidas.
Os Riscos Enfrentados pelos Migrantes
A primeira rota significativa começa na Etiópia e na Somália, atravessando o Djibuti e o Iémen, visando o mundo rico das nações do Golfo, como a Arábia Saudita. Já a segunda opção leva migrantes por países como Quênia e Tanzânia, na esperança de alcançar a cidade dos sonhos: a África do Sul.
Infelizmente, as cifras são alarmantes. O Projeto de Migrantes Desaparecidos da OIM indicou que, apenas em 2024, pelo menos 559 vidas foram perdidas nas jornadas do leste e do sul. Este número, no entanto, pode ser ainda maior, uma vez que muitas mortes passam despercebidas e não são registradas.
Além das trágicas perdas humanas, os migrantes enfrentam condições desumanas durante suas viagens. Desde a fome até a desidratação, as situações de risco a que estão expostos parecem intermináveis. Muitos também se tornam alvos de violência, exploração e abuso. O tráfico humano se torna uma ameaça constante, e o risco de detenções arbitrárias é uma realidade que assombra muitos.
Em particular, mulheres e meninas representam quase um terço dos migrantes, e frequentemente, enfrentam um alto índice de violência sexual e de gênero, levantando preocupações acerca de sua segurança ao longo de todo o percurso.

Uma menina movendo um recipiente de água em um abrigo para deslocados em Dolow, Somália
O Crescimento da Necessidade de Assistência
Em 2023, já haviam sido registrados cerca de 446 mil movimentos ao longo da rota oriental de migração, com 10% deles envolvendo crianças. Para 2025, a OIM projeta que mais de 1,4 milhão de migrantes e as comunidades que os acolhem precisarão de apoio significativo.
Este cenário alarmante levou a OIM, junto a 45 organizações parceiras, a solicitar US$ 81 milhões como parte do Plano de Resposta a Migrantes para o Chifre da África, Iémen e África Austral.
A diretora-geral da OIM, Amy Pope, enfatiza que a urgência é clara. Sem apoio imediato, “o sofrimento aumentará, as tensões se intensificarão e a assistência vital poderá escapar às necessidades mais urgentes”.
A Hora de Agir é Agora
Pope salienta que “é crucial agir imediatamente”, destacando prioridades como salvar vidas, reforçar sistemas de proteção e combater as causas profundas que levam à migração forçada.
Os tipos de assistência necessários incluem:
- Alimentos e nutrição;
- Atendimento médico e de saúde;
- Provisão de água, saneamento e higiene;
- Proteção e suporte psicossocial;
- Facilitação do retorno voluntário e apoio à reintegração.
Apesar de um pedido de financiamento de US$ 112 milhões em 2024, apenas 20% do total necessário foi arrecadado até o momento, levantando preocupações sobre a capacidade de atender a essas demandas críticas.
Um Cenário de Instabilidade Crescente
De acordo com Mutuku Nguli, diretor da Counter Human Trafficking Trust East Africa, a “deterioração econômica constante e a instabilidade” nas regiões do leste e Chifre da África estão levando a uma nova onda migração. Essa realidade não só diminui as estruturas de apoio comunitário ao longo das rotas, mas também agrava os fatores de risco vinculados à migração irregular.
Olhando para a situação mais de perto, Abera Adeba, diretor-executivo da Ethiopia Charitable Society, observa que a migração é um “fenômeno global que demanda soluções globais”. A união de esforços é vital para fomentar um ambiente onde a migração seja uma escolha, e não uma necessidade, garantindo que todos os migrantes sejam tratados com dignidade e respeito.
Futuro da Migração: Uma Esperança que Precisa Ser Nutrida
É evidente que a questão da migração na África não é apenas uma questão de números, mas sim uma história repleta de vidas, sonhos e um incessante desejo por melhores condições. O que deve ser feito, então, para mudar essa narrativa?
Precisamos refletir sobre como nossas ações e atitudes impactam aqueles que buscam simplesmente uma chance de recomeço. As iniciativas de ajuda e apoio às comunidades migrantes são essenciais e exigem um comprometimento global.
Em tempos em que a solidariedade parece escassa, é fundamental lembrar que cada um desses migrantes carrega uma história única, e o apoio a eles não é apenas um ato de humanidade, mas uma construção coletiva rumo a um futuro onde todos possam viver dignamente, sem medo ou insegurança.
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