A revolução da conectividade no agronegócio
O setor agroindustrial está presenciando transformações significativas, especialmente com a introdução de tecnologias que proporcionam conectividade em tempo real. Ismael Azevedo, gerente de TI da Sierentz Agro, relembra um tempo em que dependia de um simples pendrive para coletar dados de produção. Agora, com a nova tecnologia, as informações são acessadas instantaneamente pelo aplicativo da empresa. Essa evolução torna o monitoramento muito mais eficaz e ágil.
A Sierentz Agro, uma empresa formada em 2017 por ex-traders da famosa Louis Dreyfus Company, opera em 100 mil hectares distribuídos entre os estados de Piauí, Pará e Maranhão. Em Piauí, que abriga suas três fazendas – Serra do Ovo, Tagy e Baixo Fechado – a Sierentz Agro procura redefinir o conceito de produção agrícola, conectando suas operações e otimizando a tomada de decisão.
Fazendas Novas Unificadas: Um novo modelo de eficiência
No total, as fazendas ocupam 18 mil hectares na região do Cerrado e funcionam como um verdadeiro laboratório. As fazendas agora formam as chamadas Fazendas Novas Unificadas, onde a Sierentz Agro instalou antenas que possibilitam a transmissão de dados em tempo real. Após dois meses de operação, essas antenas se tornaram um marco no processo de digitalização da agricultura.
A instalação das torres foi viabilizada através de uma parceria inovadora entre a Case IH, renomada fabricante de máquinas agrícolas, e a TIM, uma das líderes em telecomunicações do Brasil. A Sierentz Agro investiu R$ 30 milhões em equipamentos modernos e, como parte desse pacote, recebeu as antenas, que prometem trazer benefícios significativos para os produtores.
Expectativas e resultados
O CEO da Sierentz Agro, Christophe Akli, expressa otimismo em relação ao impacto positivo que essa conectividade poderá gerar. “Estamos apostando em uma maior produtividade e em uma agricultura mais tecnificada e digital”, diz. Com uma produção atual de US$ 160 milhões por ano, o objetivo é expandir ainda mais com a ajuda desta nova tecnologia. A empresa já cultiva 100 mil hectares de soja e 40 mil hectares de milho, com estimativas que apontam para uma colheita de 600 mil toneladas na safra 2024/25.
Transformando a realidade rural
A conectividade não só melhora a eficiência nas operações, mas também muda a realidade das comunidades rurais. Com o Índice de Conectividade Rural (ICR) do município de Santa Filomena sendo elevado de 0,08 para 0,20, a presença das antenas da TIM representa uma mudança significativa. O ICR, uma métrica que varia de 0 a 1, indica o nível de conectividade rural e permite um olhar mais esperançoso para a localidade.
- 4G e NB-IoT: As antenas instaladas usam redes 4G e Narrowband IoT, oferecendo uma cobertura que pode ser até três vezes maior que a do 4G tradicional.
- Benefícios sociais: A conectividade também beneficia trabalhadores e moradores das áreas rurais, permitindo acesso à educação e comunicação, algo que antes era limitado.
Leonardo Belotti, diretor comercial IoT & 5G da TIM, enfatiza que a implementação de soluções tecnológicas, como a Inteligência Artificial, torna-se viável com a conexão de internet. “A necessidade de internet sempre foi evidente, e agora estamos vendo seu potencial transformador”, comenta.
Um passo além com soluções integradas
Paola Campiello, gerente de novos negócios da CNH, destaca que o sucesso do projeto está na união entre a venda de máquinas e a oferta de antenas. “As máquinas venda de fábrica já conectadas muitas vezes chegam a fazendas sem acesso à internet, por isso é essencial garantir conectividade para utilizá-las plenamente”, explica.
O diretor Comercial da Case IH Brasil, Denny Perez, também reforça a importância de ter dados em mãos. “Monitorar o funcionamento dos equipamentos é fundamental para aumentar a produção e reduzir custos, como consumo de combustível”, observa. Essa abordagem integrada possibilita que as máquinas conectadas não apenas operem de forma eficiente, mas também ajudem a identificar áreas de melhoria.
Gerenciamento e monitoramento de produção
A Sierentz Agro está utilizando um aplicativo desenvolvido pela Case IH que permite o gerenciamento de toda a produção de forma completamente integrada. O coordenador de agricultura digital da empresa, Inoã Medeiros, explica que o acesso a informações como dados sobre sementes e status de operação permite um controle mais rigoroso. “Com essas informações em tempo real, conseguimos otimizar cada metro cultivado, evitando falhas que poderiam resultar em desperdício”, afirma.
- Monitoramento de eficiência: A utilização de tablets e aplicativos possibilita um controle preciso sobre mão de obra e uso de recursos, impactando diretamente na economia.
- Tomada de decisões: Dados em tempo real sobre chuvas e janelas de plantio ajudam a programar melhor as atividades produtivas.
O engenheiro agrônomo Paulo Bonifácio, responsável por operações na região de Alto Parnaíba, trouxe à tona um exemplo prático de como a conectividade transformou a exploração agrícola. “Com a funcionalidade do tablet, consigo gerenciar a eficiência da mão de obra e calcular o potencial de economia com combustíveis. A precisão é essencial, e agora temos acesso a dados que antes desconhecíamos”, conta Bonifácio.
Um futuro conectado e promissor
O impacto da conectividade no agronegócio brasileiro tende a aumentar, trazendo consigo promessas de produção mais eficiente e sustentável. Com cada melhoria na tecnologia de monitoramento e gerenciamento, as empresas do setor podem se preparar melhor para os desafios do futuro.
As inovações impulsionam não apenas o setor agrícola, mas também proporcionam um avanço social significativo. A promoção da inclusão digital nas áreas rurais é um passo crucial para um desenvolvimento sustentável e abrangente. Ao final, a Sierentz Agro e sua abordagem inovadora são apenas exemplos de como a tecnologia pode melhorar a qualidade de vida, a eficiência produtiva e o desenvolvimento das comunidades rurais.
Agora, mais do que nunca, o acesso à informação em tempo real se torna um diferencial competitivo essencial para o agronegócio. Ao mesmo tempo, abre portas para um diálogo mais amplo sobre o futuro da agricultura e a importância da tecnologia na agricultura moderna. O que você acha desse avanço? Está otimista quanto ao futuro das inovações tecnológicas no setor?