quinta-feira, março 13, 2025

Como a Isenção do Imposto de Importação de Alimentos Pode Transformar a Sua Conta no Supermercado


preço dos alimentos

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Azeite, milho, óleo de girassol, sardinha, biscoitos, massas alimentícias, café, carne e açúcar terão alíquota de importação zerada. Foto: Getty Images

A Nova Medida do Governo: Zerar Tarifas de Importação de Alimentos

Nas últimas semanas, a elevação dos preços dos alimentos tem se tornado uma grande dor de cabeça para o governo de Lula, afetando sua popularidade. Na noite de quinta-feira, dia 6, uma nova estratégia foi anunciada: a tarifa de importação de nove itens alimentícios será zerada. Os produtos beneficiados incluem azeite, milho, óleo de girassol, sardinha, biscoitos, massas alimentícias, café, carne e açúcar. Além disso, o governo também aumentou a cota de importação para o óleo de palma, que passou de 65 mil para 150 mil toneladas.

O vice-presidente Geraldo Alckmin divulgou essas informações após uma reunião com o presidente Lula. Ele garantiu que a redução das tarifas não irá prejudicar os produtores nacionais. “Estamos em um momento em que a diminuição dos impostos pode contribuir para a redução dos preços”, comentou Alckmin. Durante o anúncio, ele também destacou outras quatro ações que serão implementadas:

  • Aumento do estoque da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab);
  • Atendimento prioritário ao próximo Plano Safra para alimentos da cesta básica;
  • Expansão do Sistema Brasileiro de Produtos de Origem Animal (SISBI);
  • Diálogo com os estados para a diminuição do ICMS sobre produtos da cesta básica.

Essas medidas visam proporcionar uma maior oferta de alimentos e, assim, minimizar os preços que têm causado preocupação entre os consumidores. De acordo com os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação acumulada nos últimos 12 meses é de 4,96%, e em fevereiro, o grupo de alimentos e bebidas viu um aumento de 1,23% em comparação com janeiro. Nos últimos cinco meses, a alta foi de 5,4% apenas neste segmento, o que intensifica a urgência de medidas eficazes.

A Eficácia das Medidas

Mas a grande questão que paira no ar é: essas ações serão suficientes para conter a inflação?

Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, acredita que os efeitos práticos da isenção de tarifas não devem ser imediatos. “Não importamos grandes quantidades desses produtos, exceto o azeite e o óleo de palma”, pontua. Ela também observa que, para itens que enfrentam problemas de oferta mundial, como o azeite, a depreciação do câmbio pode influenciar. “Isso poderia afetar os benefícios da isenção”, alerta Angela.

Da mesma forma, Lucas Sigu Souza, cofundador da Ciano Investimentos, analisa que a redução das tarifas terá um efeito em termos de popularidade para o presidente, mas o impacto direto nos preços dos produtos pode ser limitado. “Produtos como café e carne, que são de alto consumo, já são majoritariamente produzidos no Brasil e têm uma tarifa de importação relativamente baixa, na faixa de 10%,” explica Souza.

A economista-chefe da CM Capital, Carla Arigenta, reforça que os segmentos mais vulneráveis da população são os que mais sofrem com as flutuações de preços. “O público que deve se beneficiar realmente não é o foco desta política”, afirma, mencionando a alta dos preços de carne e café. Arigenta acredita que a sardinha, com uma tarifa de importação de 30%, pode ser o produto que mais sentirá o impacto positivo, mas ainda assim, ela considera que o efeito no IPCA será “mínimo”.

Pensando Além da Tarifa de Importação

Fabrício Silvestre, economista da Levante, ressalta que outras iniciativas também são fundamentais além da isenção das tarifas. Entre elas, a expansão do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal, que deve dobrar sua capacidade de 1,5 mil para 3 mil. Essa expansão promete aumentar a diversidade de produtos disponíveis no mercado nacional.

Silvestre também destaca a importância do fortalecimento dos estoques da Conab, o que poderá ajudar a estabilizar preços em momentos de crise, como quebras de safra. “Essas são, em sua essência, medidas de longo prazo que têm o potencial de atenuar a volatilidade dos preços dos alimentos”, afirma.

No entanto, ele alerta que a eficácia dessas políticas dependerá de fatores externos, como a crise climática, que pode impactar negativamente a oferta de produtos. “Se ocorrer uma alteração significativa no clima, o efeito dessas ações pode ser marginal”, conclui Silvestre.

Reflexões Finais sobre o Aumento dos Preços dos Alimentos

As recentes medidas do governo buscam combater a alta nos preços dos alimentos e minimizar os impactos da inflação sobre a população. Embora iniciativas como a isenção das tarifas de importação e o fortalecimento de estoques sejam passos na direção correta, muitos especialistas questionam a eficácia a curto prazo. O desafio de oferecer estabilidade nos preços dos alimentos é complexo e envolve uma combinação de fatores internos e externos.

É importante que o governo continue a monitorar a situação e a colaborar com agricultores e consumidores para encontrar soluções mais efetivas. O diálogo constante entre as partes envolvidas pode resultar em políticas mais robustas e direcionadas às necessidades da população, especialmente das classes mais baixas que são as mais afetadas pelos aumentos de preços. O tema é relevante e merece a atenção de todos nós.

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