

Adaptação e tradução da matéria original publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Novos capítulos na geopolítica: a Coreia do Norte e a Rússia
Uma análise reveladora
A OTAN, por enquanto, não tem planos de estender sua atuação para a Ásia Oriental. Mesmo com a recente movimentação da Coreia do Norte, que enviou tropas para apoiar a Rússia na guerra contra a Ucrânia, especialistas afirmam que a situação complexa e as prioridades estratégicas atuais não favorecem a presença militar da aliança na região.
A escalada do conflito
A participação das tropas norte-coreanas na guerra russa é considerada uma “escalada significativa” e uma “expansão perigosa” do conflito, de acordo com o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte. Em um importante pronunciamento no dia 28 de outubro, ele confirmou a mobilização de soldados da Coreia do Norte, destacando que isso representa:
- Uma escalada considerável no envolvimento da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) nesse conflito ilegal.
- Uma nova violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
- Um aumento nos riscos da guerra em solo europeu.
Rutte enfatizou ainda o compromisso da OTAN com a defesa da Ucrânia, afirmando que “a segurança da Ucrânia é a nossa segurança”. A discussão sobre a intensificação do apoio militar à Ucrânia tem sido uma prioridade, com a aliança consultando ativamente seus parceiros internacionais sobre os recentes desenvolvimentos.
O dilema norte-coreano: a presença militar na guerra
Mas qual o verdadeiro papel da Coreia do Norte nesse cenário? Carlos Schuster, especialista em relações internacionais, sugere que a Coreia do Norte se envolve na guerra por necessidade financeira. Para ele, o regime de Kim Jong Un está “literalmente vendendo” suas tropas em troca de dinheiro, petróleo e até alimentos. A operação de cerca de duas brigadas evidencia essa troca.
Kim Jong Un enxerga o conflito russo-ucraniano como uma oportunidade para atualizar sua doutrina militar, aproveitando-se da situação para aprender e adaptar suas estratégias. Schuster observa que o exército norte-coreano clama por modernização, visto que sua doutrina é datada da década de 80, e a participação nesse tipo de conflito pode ser a aprendizagem necessária para uma atualização essencial.
A importância dos recursos e da modernização
Grande parte do equipamento militar da Coreia do Norte é considerado obsoleto, e o processo de substituição e reforma é custoso. A necessidade de recursos da Rússia, e em potencial da China, são cruciais nesta equação. A participação na guerra permitirá a Pyongyang adquirir não só aprendizado prático, mas também recursos que são urgentes para alimentar suas forças armadas.

OTAN e a Asa Oriental: Uma presença restrita
Com a intensificação do envolvimento da Coreia do Norte no conflito, muitos se perguntam se a OTAN poderá responder com força militar na Ásia Oriental. A perspectiva, contudo, não parece viável. Para Schuster, a aliança não deverá enviar tropas para a região, exceto talvez em exercícios navais ocasionais. A prioridade dos líderes da OTAN está na reação aos movimentos da Rússia, e não em uma possível crise na Ásia.
- A maioria dos países da OTAN não possui recursos disponíveis para deslocamentos significativos à Ásia Oriental.
- As forças navais podem ser enviadas para representar politicamente a aliança, mas isso oferece um risco menor de entrar em conflito armado.
Adicionalmente, Schuster aponta que a relutância em se envolver em conflitos é um padrão entre os membros da OTAN. Com uma abordagem de envolvimento extremamente restritiva, as ações planejadas parecem ser destinadas a evitar qualquer tipo de conflito a longo prazo.
Construindo laços, em vez de lutar
Anders Corr, da Corr Analytics Inc., corroborou essa visão, destacando que a curto prazo, as forças da OTAN dificilmente se envolverão diretamente no Leste Asiático. No entanto, a aliança está fortalecendo suas relações com países como Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia, que poderão, futuramente, servir como centros de coordenação para as atividades da OTAN na região.

A sombra da guerra mundial: um novo eixo do mal?
Na análise da atual situação geopolítica envolvendo China, Rússia e Irã, a questão da possibilidade de um novo conflito armado em escala mundial é pertinente. Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, mencionou que já estamos na Terceira Guerra Mundial. Corr discorda, mas admite que as conexões entre os conflitos na Ucrânia, Irã e Coreia do Norte são inevitáveis.
Ele sugere que, para evitar que esses conflitos evoluam para uma guerra global, é crucial limitar não apenas sua expansão geográfica, mas também o tipo de armamento empregado. O medo de perdas está levando as nações a ameaçarem umas às outras, criando um ambiente propenso à escalada.
O cenário atual: uma análise ponderada
No entanto, Schuster acredita que a probabilidade de uma nova guerra mundial é baixa no momento. Ele ressalta que Pyongyang não demonstra interesse em iniciar um conflito aberto, evidenciado pela destruição de infraestrutura que impediria um ataque sobre a Coreia do Sul. Para ele, a China reconhece a Guerra Russo-Ucraniana como uma distração que desvia a atenção da sua agressão na Ásia, o que a torna vantajosa.
Os conflitos no Oriente Médio também estão em uma fase delicada, com Israel mostrando ao Irã os limites de sua capacidade militar. Schuster observa que, por ora, nenhuma das partes está disposta a arriscar um aumento da tensão que possa provocar um confronto direto em larga escala.
Reflexões finais
O cenário global está em constante evolução, e a atual dinâmica entre a Coreia do Norte e a Rússia destaca tanto a busca por recursos quanto os desafios enfrentados por regimes isolados. Enquanto a OTAN se concentra em suas prioridades na Europa, a possibilidade de um envolvimento significativo no Leste Asiático continua incerta. Contudo, a importância de manter os canais de comunicação abertos e fortalecer as alianças deve seguir sendo uma prioridade para evitar escaladas indesejadas e garantir a segurança global.
O que você pensa sobre a atual situação? Será que a história se repetirá, ou conseguiremos evitar um conflito em grande escala? Compartilhe suas opiniões conosco.
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