O ano de 2023 começa com um Brasil ainda marcado por divisões e incertezas, especialmente na política e na economia. As esperanças de crescimento estão cercadas por desafios que remetem aos ventos de 2013, quando a insatisfação popular e a divisão política se intensificaram. O Brasil encontra-se numa posição singular, com um enorme potencial para atrair investimentos devido à sua autossuficiência em energia, à abundância de recursos naturais e à relevância no setor de alimentos, especialmente no atual contexto de escassez global.
Ainda assim, mesmo com valuation atrativo de empresas na Bolsa e oportunidades em títulos públicos e no mercado de renda fixa, o país ainda não vê o influxo de investimentos esperado. Os investidores se mantêm cautelosos, preferindo alternativas mais seguras diante de um cenário de inflação global persistente, taxas de juros elevadas e incertezas políticas e econômicas no cenário interno.
Os Estados Unidos e a Europa enfrentam dificuldades para controlar a inflação e alinhar suas economias ao cenário pós-pandemia. Além disso, o conflito entre Rússia e Ucrânia reforça a necessidade de uma revisão global na cadeia de suprimentos e na dependência energética, fatores que intensificam a inflação estrutural e elevam os custos de produção e mão de obra.
Em meio a essas dificuldades, o Brasil e o México despontam como beneficiários desse reposicionamento geopolítico. No entanto, questões internas ainda ofuscam o potencial brasileiro. Os eventos de janeiro de 2023, com os ataques às sedes dos três poderes, ressaltaram as divisões políticas e sociais que dificultam o avanço do país.
A eleição de Lula, marcada pelo apoio de diversos setores que historicamente se opuseram ao PT, trouxe a expectativa de uma política mais centrada e capaz de unir o país. Contudo, os primeiros sinais indicaram uma possível volta a políticas econômicas que fracassaram no passado, o que trouxe reações negativas dos mercados e uma pressão sobre os ativos de risco.
Para consolidar o Brasil como um destino atraente para investimentos, é essencial que o governo federal reforce o compromisso com a responsabilidade fiscal e políticas econômicas sólidas, evitando a venda do futuro por benefícios de curto prazo. O país possui todas as condições para prosperar: autossuficiência energética, uma matriz diversificada e verde, e uma posição estratégica na produção de alimentos e commodities.
Com o apoio dos três poderes e o fortalecimento da democracia, o Brasil tem a chance de decolar e trazer justiça social e crescimento econômico sustentado. Para isso, no entanto, é necessário um esforço contínuo de pacificação e compromisso com políticas de Estado, inspirando-se em líderes como Nelson Mandela, que superaram divisões profundas e buscaram a união e o progresso para sua nação.
Se Lula mantiver esse compromisso e focar em uma gestão competente e inclusiva, o Brasil poderá finalmente concretizar seu potencial como uma potência emergente, promovendo um futuro próspero e mais justo para todos.