quinta-feira, março 13, 2025

Brasil e EUA: O Impacto de Trump e o Gigante Mercado Agro em Números Surpreendentes


Getty_Chip Somodevilla

Donald Trump anuncia uma gestão protecionista para a economia dos EUA

Na madrugada de hoje (6), após a confirmação de sua vitória nas eleições presidenciais, Donald Trump fez um discurso em West Palm Beach, na Flórida, reafirmando seu compromisso com suas promessas de campanha. Durante sua trajetória de retorno à Casa Branca, Trump destacou a intenção de implementar políticas protecionistas, que incluem a imposição de tarifas sobre produtos importados. Segundo ele, essas medidas visam fortalecer a economia americana e proteger empregos nacionais. “Tarifa é a palavra mais bonita do dicionário”, declarou Trump em um discurso de campanha no mês passado.

Embora sua posição tenha gerado preocupações, a verdade é que o futuro das importações agrícolas do Brasil ainda está em aberto. Se as promessas de Trump forem cumpridas, as importações brasileiras podem ser afetadas, mesmo que líderes do setor agrícola do país mantenham uma visão otimista. Os Estados Unidos são o segundo maior comprador de produtos agrícolas brasileiros, perdendo apenas para a China. Nos últimos dez anos, entre 2014 e 2023, os EUA importaram, em valores nominais, impressionantes US$ 76,7 bilhões em produtos do agro brasileiro, com US$ 36,7 bilhões provenientes do período de Trump na presidência, entre 2017 e 2021, conforme dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

O Comércio Brasileiro e a Balança Comercial Favorável

É interessante notar que a balança comercial entre Brasil e Estados Unidos se mostra favorável ao Brasil. Nos últimos dez anos, as exportações brasileiras para o mercado norte-americano totalizaram US$ 11,8 bilhões. Em 2010, registrou-se o maior número histórico de exportações brasileiras, com um total de US$ 10,5 bilhões, em contraste com apenas US$ 1 bilhão em importações.

Os Estados Unidos adquirem uma vasta gama de produtos brasileiros, que inclui:

  • Bebidas
  • Animais vivos (como cavalos)
  • Cacau e derivados
  • Café
  • Carne (bovina, aves e suína)
  • Cereais e farinhas
  • Chá mate e especiarias
  • Soja e seus derivados (farelo, óleo e grãos)
  • Açúcar e etanol
  • Couros e peles
  • Frutas e castanhas
  • Produtos apícolas e hortícolas

No ano passado, as vendas do Brasil aos Estados Unidos alcançaram US$ 9,8 bilhões, com o café se destacando entre os principais produtos exportados. O Brasil embarcou 340,6 mil toneladas de café, totalizando US$ 1,3 bilhão. Márcio Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), comentou: “Apesar das declarações feitas durante a campanha, vamos esperar para ver como será a nova gestão de Donald Trump. Desejamos a ele uma administração produtiva à frente da maior economia do mundo”.

Ferreira ainda destaca que os EUA têm sido o principal parceiro comercial dos cafés brasileiros há décadas. “Entre janeiro e setembro de 2024, os americanos importaram 5,770 milhões de sacas de 60 kg de café, representando 15,8% das exportações totais do Brasil nesse setor e um aumento de 31,9% em relação ao mesmo período do ano anterior”, destacou ele. Ele acredita que, pela boa diplomacia e pela relação comercial sólida, as trocas entre Brasil e EUA devem continuar racionais, mesmo com possíveis mudanças na política comercial.

Impactos nas Relações Comerciais

Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), também comentou sobre a situação. Segundo ele, as mudanças nas tarifas devem ser raras nessa relação. O suco de laranja, por exemplo, enfrenta uma tarifa de importação de US$ 415 por tonelada, e a Flórida tem enfrentado dificuldades na produção. “Não há muito mais o que proteger”, enfatiza Netto. “Além disso, os EUA mantêm um acordo comercial com o México, o USMCA (antigo Nafta), que permite a importação sem tarifas. Caso algo fosse revisto, seria esse acordo, que já foi discutido no primeiro mandato de Trump, mas não houve mudanças significativas.”

Os números falam por si: em 2023, os EUA importaram 1,35 milhão de toneladas de diversos sucos do Brasil, totalizando US$ 930,5 milhões, sendo US$ 794,5 milhões apenas do suco de laranja originário do estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e Paraná.

Outros setores que também merecem atenção incluem as carnes, o complexo sucroalcooleiro e os produtos florestais. No último ano, as importações norte-americanas de carnes brasileiras alcançaram US$ 894,2 milhões, com a carne bovina in natura atingindo US$ 463,2 milhões. Procurada para comentar a situação, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) ainda não se manifestou.

Quanto à indústria de suínos e aves, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) acredita que uma abordagem pragmática deve prevalecer nas relações com os Estados Unidos. “Essa visão é compartilhada tanto por produtores brasileiros quanto americanos, evidenciada pelo recente memorando de entendimento firmado entre a ABPA e a USA Poultry and Egg Export Council (USAPEEC), que busca promover a cooperação entre os dois países em favor do livre comércio no setor”, destaca a entidade. No ano passado, os EUA importaram US$ 45 milhões desse setor, majoritariamente em carne suína.

No que diz respeito ao complexo sucroalcooleiro, as exportações do Brasil somaram US$ 829,9 milhões, com US$ 580 milhões apenas em açúcar. Já os produtos florestais geraram uma receita de US$ 3,1 bilhões, dos quais US$ 1,2 bilhão em celulose.

O Futuro das Relações Brasil-EUA

À medida que o novo governo de Donald Trump assume, fica a expectativa sobre como suas promessas de campanha, especialmente em relação ao protecionismo, impactarão as relações comerciais com o Brasil. Com um histórico comercial favorável e uma demanda crescente por produtos agrícolas, é plausível pensar que ambos os países continuarão a se beneficiar dessa parceria. Enquanto Trump se prepara para implementar suas políticas, tanto exportadores brasileiros quanto consumidores nos EUA aguardam ansiosos para ver como o cenário se desenvolverá.

Permaneça atento às atualizações sobre essa relação estratégica e, ao mesmo tempo, reflita sobre as implicações dessas políticas. Quais mudanças podem surgir e como elas afetarão tanto a economia brasileira quanto a americana? O debate está aberto, e sua opinião é valiosa. Compartilhe conosco suas reflexões sobre esse assunto tão impactante.

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