Desmatamento e Pecuária na Amazônia: O Novo Rumo de Quagliato e o Futuro Sustentável

A Amazônia, a floresta tropical mais importante do mundo, enfrenta uma crise sem precedentes devido à expansão da pecuária. Roque Quagliato, conhecido como o “Rei do Gado”, representa uma figura emblemática dessa transformação. A história de sua família nas décadas de exploração nas vastas terras da região não só trouxe riqueza, como também levantou sérias questões sociais e ambientais.

O Passado Conturbado

Nos anos 90, as fazendas da família Quagliato foram alvo de críticas por práticas laborais que remetiam à escravidão e por desmatamento em larga escala. Contudo, à medida que o setor de carne bovina no Brasil evolui, uma nova oportunidade surge. Agora, aos 85 anos, Quagliato está no centro de um movimento para reverter os danos causados pela pecuária na Amazônia, reconhecida como uma das maiores causas do desmatamento no planeta.

Rastreabilidade: Um Passo Crucial

Com a nova legislação que visa identificar cada bovino no Pará até 2027, o gado de Quagliato foi um dos primeiros a receber chips de rastreamento.Esse programa, promovido pelo governo estadual, não só é uma resposta às exigências dos mercados internacionais mais rigorosos, como também um esforço para garantir que a carne brasileira, essencial para a alimentação global, não seja proveniente de áreas desmatadas ilegalmente.

O Valor da Rastreabilidade

• Mercados Exigentes: Estados Unidos, Europa e Ásia buscam carne rastreável, o que poderá aumentar os preços pagos aos produtores brasileiros.
• Saúde Animal: A rastreabilidade agiliza a identificação de animais doentes, potencialmente diminuindo surtos que afetam a(s) indústria(s).
• Reconhecimento Internacional: Um sistema eficaz de rastreamento pode abrir portas para novas exportações, não apenas reservadas ao Pará.

Quagliato, em um leilão recente, expressou sua esperança de que essas iniciativas tornem o Brasil competitivo, oferecendo melhores preços no mercado internacional.

Um Desafio ao Status Quo

Apesar do entusiasmo em relação à nova lei, a implementação até agora tem sido lenta e desanimadora. Até maio de 2024, apenas cerca de 12 mil bovinos foram identificados, resultando em preocupações sobre a capacidade do estado de atingir sua meta. Porém, o apoio de grandes produtores, como Quagliato, é um sinal de que a resistência inicial pode estar diminuindo.

Movimentações Promissoras

• Parcerias Rigorosas: A JBS, maior produtora de carne do mundo, já doou 300 mil identificadores para o programa.
• Apoio de ONGs: Organizações como o Bezos Earth Fund estão investindo recursos significativos para essa causa.

Se a rastreabilidade for aprimorada e amplamente adotada, pode ser um divisor de águas na luta contra o desmatamento.

O Impacto no Dia a Dia dos Produtores

À medida que as novas regras se aproximam, muitos pequenos e grandes produtores hesitam. A imposição de rastreabilidade pode dificultar a venda de carne de rebanhos criados em áreas ilegalmente desmatadas. Esse dilema levantou questões relevantes, principalmente entre pequenos produtores, que se sentem ameaçados pela nova regulamentação.

Desafios e Oportunidades

• Custos e Adaptação: Muitos produtores temem que as exigências os excluam do mercado. Como muitos estão em áreas com histórico de desmatamento, adaptarem-se pode ser um custo alto.
• Novo Caminho para Sustentabilidade: Em vez de se ver como uma desvantagem, alguns começaram a perceber a rastreabilidade como uma oportunidade de entrar em mercados que valorizam práticas sustentáveis.

O Futuro da Pecuária na Amazônia

As iniciativas de rastreabilidade representam um movimento significativo na busca por um modelo de pecuária mais sustentado e responsável. No entanto, a sensação de urgência é palpável. O que está em jogo é não apenas o meio ambiente, mas a própria sobrevivência dos que dependem da pecuária na região.

Perspectivas para Sustentabilidade

• Recuperação Florestal: A legislação também incentiva a regeneração de áreas desmatadas. Para alguns produtores, isso representa um passo esperado, mas que envolve riscos financeiros.
• Apoio Governamental: Programas de incentivo e educação podem ajudar pequenos e médios produtores a se adaptarem às novas exigências.

Quagliato enfatizou que "agora é o momento" de agir de forma responsável e estratégica. Com o apoio do governo e da iniciativa privada, é possível vislumbrar um futuro em que a pecuária possa coexistir com a preservação ambiental.

Trazendo Mudanças

O movimento por práticas mais sustentáveis na Amazônia vai além da identificação do gado; trata-se de uma reavaliação sobre o que significa produzir carne de maneira ética e responsável. À medida que novos mecanismos de controle e rastreamento são implementados, a esperança é que isso possa levar a uma mudança significativa na cadeia produtiva.

Reflexões Finais

As transformações necessárias nas práticas de pecuária na Amazônia estão em andamento, mas o sucesso depende do envolvimento ativo de todos os setores. O desafio é grande, mas a vontade política parece estar alinhada com a urgência da causa.

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