terça-feira, maio 6, 2025

Descubra o Vinho da Patagônia: O Tesouro que Conquistou os Chineses


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Felipe Menéndez, um representante das vinícolas da Patagônia de olho no mercado chinês

A relação de Felipe Menéndez com a China é relativamente recente, mas tem se consolidado nos últimos cinco anos. Esse argentino, que passou anos explorando a Patagônia até encontrar o local ideal para sua vinícola, escolheu o Valle Azul como sede da Ribera del Cuarzo, um empreendimento no Vale do Rio Negro, uma região rica em características únicas. Nesta jornada, Menéndez se deparou com um influente empresário chinês que desejava utilizar insumos argentinos para élaborar produtos agrícolas com tecnologia japonesa a serem vendidos na China.

Na primeira visita à Patagônia, o empresário asiático se encantou não apenas pelas belezas naturais do Vale do Rio Negro, mas também pelas frutas, incluindo maçãs e peras, e especialmente pelos vinhos locais. A atmosfera mágica de Valle Azul, com sua vinícola rodeada por uma extensa estepe patagônica e a vista de penhascos imponentes, deixou uma marca profunda nele.

Uma experiência patagônica única

O empresário chinês, entusiasmado, decidiu voltar à Argentina, trazendo consigo colegas que também ficaram maravilhados com a diversidade da região e os vinhos oferecidos. Eles se acharam tão à vontade na casa da vinícola, onde Felipe e sua família costumam se hospedam, que acabaram prolongando suas estadias, mesmo sem a propriedade estar preparada como um alojamento turístico.

O acampamento e a hospitalidade improvisada surpreenderam a todos. No primeiro ano, apenas quatro visitantes ficaram; no segundo, o número cresceu e as visitas anuais se tornaram uma tradição. Em outubro deste ano, o grupo retornou a Valle Azul, onde o terroir continua a produz força.

Uma herança familiar de mais de 150 anos

A família Menéndez não é estranha à Patagônia. Antes mesmo das vinícolas se interessarem pela área, o tataravô de Felipe, José Menéndez, um empreendedor visionário nascido em 1846, ajudou a moldar o desenvolvimento da região. Ele fundou uma das maiores empresas de produção e exportação de lã da Patagônia, além de também estar à frente de uma companhia de navegação e de várias empresas de serviços públicos.

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Vinhedos da Patagônia, de onde saem os vinhos para a China

“Enquanto meu tataravô José se estabelecia na Patagônia, meu trisavô, Melchor Concha y Toro, fundava sua vinícola no Chile em 1883. Sempre soube que meu lugar era aqui e que meu legado seria o vinho”, afirma Menéndez.

Atualmente, com a descoberta de um rio subterrâneo na região, a Ribera del Cuarzo cresceu exponencialmente. Originalmente com cinco hectares, a vinícola agora abriga 27 hectares de vinhedos, predominantemente de malbec, mas também de merlot, pinot noir e petit verdot. Essa expansão é um reflexo do potencial que a Patagônia oferece em termos de clima e solo, favorecendo a qualidade dos vinhos.

“Na minha família, sempre se falou do setor naval, pois meu pai trabalhou nos portos. Contudo, minha paixão sempre foi o campo e o universo vinícola. Comecei a trabalhar com Nicolás Catena quando ainda era muito jovem”, recorda Menéndez. Isso moldou sua trajetória profissional, preparando-o para criar sua própria vinícola, com o apoio notável de Catena e sua filha, Adriana, que hoje é sua sócia.

O ascendente mercado chinês

O mercado chinês, representado por consumidores exigentes, tem demonstrado um crescente interesse por vinhos de qualidade que vão além dos tradicionais franceses. Rosario Langdon, diretora de exportações da Ribera del Cuarzo, revela que a China está começando a enxergar a Patagônia como um produtor exótico e atraente de vinhos.

“Até 2000, uma garrafa de vinho francês não custava mais de US$ 100. Contudo, a demanda crescente, impulsionada pela classe alta, fez com que esses preços saltassem para US$ 400, e posteriormente para até US$ 2.000 nos últimos 20 anos”, explica.

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Instalações da vinícola na Patagônia

Os consumidores chineses têm mostrado um apreço particular pelos vinhos da Patagônia, testando saborosos rótulos como o Ribera del Cuarzo, um puro merlot que representa o orgulho da vinícola, com suas safras selecionadas. A intenção é criar uma experiência única, produzindo apenas algumas garrafas feitas sob medida para esse mercado.

Quando a demanda ditam os preços

Em um cenário fascinante, uma oferta inesperada surgiu durante uma visita da equipe de vendas: os chineses ofereceram US$ 1.000 por garrafa do Ribera del Cuarzo Puro, que ainda não estão acabadas. Isso ilustra como a demanda pode influenciar decisões de mercado, muitas vezes antes mesmo de um produto estar formalmente disponível.

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Felipe Menéndez cuidando dos vinhedos

No longo prazo, esse fenômeno pode ser comparado ao que aconteceu com os vinhos franceses, onde a alta demanda levou a valores exorbitantes. “Estamos mantendo essas garrafas por mais um ano, porque acreditamos que isso valorizará ainda mais o produto. A demanda, como já vimos no passado, pode levar a situações de preço inimagináveis”, conclui Menéndez.

Essa mudança de foco dos consumidores asiáticos para as vinícolas argentinas, especialmente na Patagônia, representa uma excelente oportunidade de crescimento para a indústria do vinho local. À medida que as preferências por produtos de qualidade se expandem, a visibilidade e o reconhecimento da riqueza singular que a Patagônia oferece, tanto no mercado de vinhos quanto na gastronomia, estão apenas começando a se desenhar no cenário internacional.


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