Nota: Este artigo foi traduzido e adaptado do inglês, originalmente publicado pela matriz americana do Epoch Times.
A Complexa Dinâmica da Economia Chinesa
A economia da China, que já foi considerada uma das mais robustas do mundo, está enfrentando desafios significativos. Recentemente, o governo chinês anunciou uma injeção de cerca de 2 trilhões de yuans (aproximadamente US$283 bilhões) para estimular sua economia, que se encontra em dificuldades. Essa medida foi anunciada no final de setembro e deixou muitos esperando por um pacote fiscal mais robusto que pudesse dar continuidade ao grande suporte monetário já oferecido.
Nos dias 8 e 12 de outubro, líderes do governo se reuniram em coletivas de imprensa e discutiram amplamente um eventual estímulo fiscal, mas não apresentaram detalhes concretos sobre o que está por vir. O mercado, que esperava um plano claramente definido para impulsionar os gastos, viu os especialistas debatendo qual seria a magnitude necessária desse estímulo fiscal.
Expectativas e Necessidades de Estímulo
Vários economistas chineses de destaque, como Jia Kang, reitor da China Academy of New Supply-side Economics, e Liu Shijin, ex-funcionário sênior do Conselho de Estado, afirmaram que o valor do estímulo fiscal deveria ser em torno de 10 trilhões de yuans (equivalente a US$1,42 trilhão), o que representa cerca de 8% do PIB da China para o ano corrente.
- Dados sugerem que um estímulo entre 8 e 10 trilhões de yuans poderia ser necessário para atingir a meta de crescimento de 5%.
- Yu Yongding, um respeitado economista, estima que o montante ideal seja superior a 10 trilhões de yuans.
Por outro lado, Daniel Rosen, fundador do Rhodium Group, destacou que, se a China precisa de mais de 6 trilhões de yuans para crescer, isso pode indicar que a economia está estagnando a zero por cento neste ano. Esta impressão de estagnação gerou debates sobre a natureza da economia chinesa, com alguns especialistas sugerindo que, no atual cenário, o foco deveria estar na sobrevivência ao invés do crescimento.
Conceito de Sobrevivência Econômica
Mike Sun, um empresário norte-americano com vasta experiência na China, expressou que a economia não deve ser vista pelos padrões tradicionais de crescimento. “A economia chinesa não busca mais crescer, ela busca sobreviver”, afirmou, ressaltando que as taxas de crescimento que antes eram de dois dígitos agora são muito menos otimistas, uma realidade que muitos consideram enganosa.
Christopher Balding, especialista do think tank Henry Jackson Society, reforçou essa ideia ao comparar a situação econômica a um paciente com câncer que, embora tenha chances de sobrevivência, ainda precisa de um tratamento agressivo.
Estímulo ou Tapa-Buracos?
O declínio da economia chinesa se tornou evidente quando não houve uma recuperação significativa após o fim da política de lockdown zero contra a COVID-19 em dezembro de 2022. A pressão deflacionária continuou, e ainda que o índice de preços ao consumidor tenha mostrado um leve aumento nos meses de julho e agosto, as vendas no varejo permaneceram fracas e o setor industrial contraiu por cinco meses consecutivos.
Analisando a situação, muitos especialistas têm clamado por um pacote de estímulo excepcional para ressuscitar o consumo e reanimar a economia. O consenso atual indica que a China deve reformular seu modelo econômico, que historicamente se apoiou em investimentos e dívidas, para um modelo mais voltado ao consumo.
A Ação do Governo Chinês
Apesar da expectativa por um estimulante pacote de recuperação, a China agiu de forma tímida. Em 24 de setembro, o banco central anunciou uma redução de 50 pontos base no índice de exigência de reserva dos bancos, liberando aproximadamente 1 trilhão de yuans para novos empréstimos. Além disso, houve uma diminuição nas taxas de juros de curto prazo. Entretanto, as ações foram vistas como remendos e não como um estímulo real à economia.
Para Balding, as medidas pareciam mais voltadas a evitar o colapso do sistema financeiro do que a fomentar o crescimento econômico. Ele argumenta que essas iniciativas não são estímulos, mas sim esforços para corrigir problemas antigos sem dar um verdadeiro impulso à economia.
Medidas para Combater a Deterioração
O pacote anunciado em setembro também incluiu reduções nas taxas de juros das hipotecas existentes e a facilitação do acesso à compra de imóveis, buscando aliviar 50 milhões de famílias afetadas pela crise habitacional. Contudo, muitos analistas permanecem céticos, sem aumentar suas previsões de crescimento do PIB da China para 2023.
David Huang, economista com conhecimento sobre a economia chinesa, ressaltou que as medidas visam não apenas as metas de crescimento, mas também a estabilidade política do Partido Comunista Chinês (PCCh). Ele comentou: “A rápida deterioração da economia pode ameaçar a segurança política do PCCh, especialmente em um momento de crescente competição na Ásia e no cenário internacional.”
- O setor imobiliário, que representa cerca de 25% do PIB da China, continua enfrentando uma crise sem precedentes.
- Cerca de 20% dos proprietários em Pequim observaram uma queda de mais de 30% nos valores de suas propriedades.
A Visão Futurista do Mercado
Enquanto isso, Sun indica que o PCCh pode estar mais inclinado a focar em revitalizar o mercado acionário. Embora o mercado imobiliário não possa ser transformado rapidamente, as ações, que são mais suscetíveis a intervenções políticas, podem mostrar resultados mais rápidos.
O governo também apresentou um pacote de 800 bilhões de yuans (aproximadamente US$114 bilhões) que visa permitir a empréstimos para que empresas e fundos de investimento compitam no mercado de ações. Essa iniciativa logo impulsionou o índice CSI 300, que registrou um aumento significativo em algumas semanas.
Expectativas e Realidade
No entanto, ao retornar de um feriado, a expectativa de um novo pacote de estímulo foi frustrada quando o governo anunciou apenas um montante muito inferior ao esperado. Os mercados reagiram negativamente, com quedas significativas nas bolsas de valores de Xangai e Shenzhen.
As novas diretrizes do governo seguem em um padrão de expectativa, sem detalhes específicos, o que tem gerado incerteza entre os investidores. Xia Ning, uma analista do setor, enfatizou que a falta de clareza e previsibilidade está afetando a confiança do mercado.
Diante de tantas incertezas, fica a pergunta: quais serão os próximos passos da China em sua busca por recuperação econômica? Os próximos meses serão cruciais para determinar o futuro da economia mais uma vez sobrecarregada do país.
A análise desta situação complexa revela a necessidade de esperar e observar como o governo chinês pretende lidar com os desafios que enfrenta. Será um processo gradual, mas cada movimento pode moldar o futuro econômico não apenas da China, mas do mundo.
Xing Ning, Catherine Yang e Bin Zhao participaram deste artigo.
As opiniões aqui expressas são de responsabilidade do autor e não representam necessariamente a visão do Epoch Times.