A Medição da Emissão de Carbono em Países Tropicais: Desafios e Avanços
A questão da emissão de carbono em países tropicais está despertando preocupações entre os líderes do setor agropecuário. De acordo com Márcio Santos, CEO da Bayer Brasil, essa medição enfrenta lacunas significativas, principalmente porque as ferramentas desenvolvidas para calcular essas emissões não foram projetadas com as especificidades do clima tropical em mente. Muitas dessas calculadoras são baseadas em dados de regiões de clima temperado, o que torna sua aplicação em ambientes tropicais inadequada.
Entendendo as Necessidades Locais
À medida que as tecnologias e técnicas de agricultura avançam, surge a necessidade de uma avaliação mais precisa das emissões de carbono que considere as características locais. Santos ressalta que a eficácia na medição das emissões depende de como as condições climáticas influenciam práticas agrícolas. Por exemplo:
- Em regiões como Belém, onde o calor é constante, as práticas de plantio vão diferir significativamente de áreas que enfrentam períodos de gelo.
- As medidas de produtividade, qualidade e quantidade das safras variam com o clima, refletindo as diversidades agrícolas tropicais.
“Plantar em um clima quente e úmido, como o de Belém, é completamente diferente de cultivar em regiões onde o solo se recupera do frio. É essa diferença que precisa ser considerada nas análises”, explica Santos.
Importância da Medição Precisa
Uma medição precisa da emissão de carbono é crucial não apenas para entender as práticas atuais, mas também para aprimorar planejamentos futuros. Essa métrica pode fornecer uma visão clara das ações já implementadas e dos resultados obtidos. Com dados mais fidedignos, fica mais fácil moldar estratégias que contribuam para um desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental.
Iniciativas em Parceria com a Embrapa
Reconhecendo essa necessidade, a Bayer Brasil firmou uma parceria recente com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para desenvolver uma nova ferramenta que leva em conta as particularidades climáticas tropicais. Em aproximadamente cinco anos de trabalho colaborativo, mais de dois mil agricultores participaram do projeto, que resultou em uma calculadora de emissão de carbono adaptada para o cenário brasileiro.
A metodologia desenvolvida distingue-se por utilizar dados de cultivo que incluem até duas safras por ano, o que é comum em climas tropicais. Santos destaca que isso possibilitou a identificação de uma “pegada de carbono” de apenas um terço da média global. Para exemplificar:
- A pegada de carbono para a soja no Brasil pode chegar a 700 quilos por tonelada, enquanto a média mundial supera duas toneladas.
- Além de práticas como o plantio direto, a inoculação e técnicas adequadas ao ambiente tropical têm contribuído para essa redução.
A Caminho de uma Colaboração Internacional
Santos enfatiza que, para maximizar os benefícios dessas inovações, é necessária uma colaboração diplomática entre nações com climas semelhantes. Alinhamentos internacionais são essenciais para potencializar a troca de conhecimento e a promoção de práticas sustentáveis de manejo agrícola.
A entrevista foi realizada durante a COP 30, em Belém do Pará, uma oportunidade singular para discutir esses tópicos vitais com a apresentadora Tatiana Freitas, fundadora do The AgriBiz.
Reflexões Finais
Diante do cenário atual, fica claro que desafios existem, mas as oportunidades para transformá-los em inovações são promissoras. A adaptação das medidas de emissão de carbono às realidades locais serve não apenas para melhorar a produção agrícola, mas também para contribuir para um futuro mais sustentável no combate às mudanças climáticas.
Você já parou para pensar sobre o impacto que a produção agrícola tem no meio ambiente? Quais práticas você acredita que poderiam ser adotadas para tornar a agricultura mais sustentável no Brasil? Compartilhe suas ideias e ajude a expandir essa discussão tão importante!




