Imagens Getty
No início de 2025, a cantora Anitta compartilhou um vídeo intrigante em que interage com uma versão digital da sua própria voz, gerada por inteligência artificial. Em suas palavras, “A inteligência artificial rouba nossas características.” Ela não esteve sozinha nessa preocupação; casos mais graves revelam que criminosos frequentemente usam clones de vozes de especialistas, como o renomado médico Drauzio Varella, para promover a venda de medicamentos falsificados.
O fenômeno das deepfakes está em franca expansão, não apenas no Brasil, mas em várias partes do mundo. Essa tendência foi acelerada pelo fácil acesso a ferramentas de IA que permitem a qualquer pessoa, munida de um smartphone, criar deepfakes em um curto espaço de tempo. Essa afirmação é de Fabrício Carraro, especialista em inteligência artificial e program manager na Alura.
Em julho de 2024, a atriz Paolla Oliveira se manifestou sobre a questão: “Minha imagem e minha voz estão sendo utilizadas sem a minha autorização em várias plataformas, espalhando informações falsas. Não confie cegamente em tudo que vê na internet.” Segundo Carraro, “o Brasil possui uma das maiores populações de usuários de redes sociais, o que torna esses canais ideais para a propagação de deepfakes.” Esses vídeos são utilizados tanto para humor quanto para manipular a opinião pública.
Uma ilustração clara disso é a manipulação da imagem do apresentador Willian Bonner, do Jornal Nacional, que foi usado para criar notícias falsas sobre diversos temas. Em outubro de 2024, hackers criaram um vídeo falso do jornalista como parte de um esquema de golpe financeiro.
A lista de celebridades brasileiras cujas identidades foram “clonadas” pela IA é extensa, contando com figuras como Neymar, Eliana, Ana Maria Braga, Ivete Sangalo e Jade Picon, além de políticos brasileiros. Ainda de acordo com Carraro, “adolescentes utilizam deepfakes para ridicularizar colegas, criminosos clonar pessoas comuns para enganar amigos e parentes, e há a produção de conteúdos íntimos falsos que visam chantagear as vítimas.”
Como Identificar Conteúdos Falsos
Para evitar cair em armadilhas digitais, é fundamental adotar uma postura de “ceticismo crítico”. Isso significa que devemos questionar a veracidade de vídeos, áudios ou imagens, mesmo que eles venham de fontes que consideramos confiáveis, como amigos e familiares.
A seguir, apresentamos algumas dicas práticas para reconhecer conteúdos gerados por IA:
- Movimentação dos olhos e boca: deepfakes costumam falhar em reproduzir movimentos naturais dos olhos e a sincronia entre fala e a movimentação dos lábios.
- Iluminação e sombras: descontinuidades nesses aspectos podem ser um sinal de manipulação.
- Qualidade vocal e de áudio: conteúdos gerados por IA frequentemente apresentam tonalidades artificiais, com entonações ou pausas estranhas.
- Detalhes no rosto: fique atento às bordas do rosto e áreas como cabelo e óculos, onde podem surgir imperfeições.
- Movimentos corporais: verifique se os gestos e posturas são naturais e coerentes com a personalidade da pessoa.
- Mensagens sensacionalistas: golpistas frequentemente usam deepfakes para criar situações urgentes e impactantes.
- Resolução do vídeo: muitos deepfakes apresentam qualidade inferior.
- Verificação com fontes confiáveis: se algo parecer duvidoso, entre em contato diretamente com a pessoa ou instituição envolvida, ou busque comprovação em fontes confiáveis.
Ao aplicar essas dicas em sua navegação online, você pode se proteger mais eficazmente contra desinformação e fraudes. É essencial que todos nós permaneçamos vigilantes em um ambiente digital cada vez mais complexo e repleto de desafios.
Manter-se informado e skeptico pode fazer toda a diferença nas suas interações diárias na internet. Você já se deparou com um conteúdo que parecia duvidoso? Quais foram suas impressões? A troca de experiências pode ajudar outros a se protegerem também.
