segunda-feira, abril 28, 2025

Desvendando os Desafios: Por Que a Hipertensão se Torna um Inimigo Oculto na América Latina?


Desafios no Tratamento da Hipertensão na América Latina e Caribe

Uma recente pesquisa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) trouxe à luz diversas irregularidades que afetam o tratamento da hipertensão na América Latina e no Caribe. Publicado na Revista de Políticas e Práticas Farmacêuticas, o estudo revelou problemas sérios, como listas de medicamentos desatualizadas e práticas de fornecimento inconsistente. Os autores do estudo argumentam que uma maior padronização dos medicamentos anti-hipertensivos é essencial para mitigar os riscos e reduzir o impacto socioeconômico das doenças cardiovasculares na região.

Um Olhar Profundo sobre o Tratamento da Hipertensão no Brasil

Este estudo foi realizado em duas fases, começando com uma análise das Listas Nacionais de Medicamentos Essenciais (Lnme) em 22 países que participam da iniciativa Hearts da Opas. Na segunda fase, os pesquisadores conduziram uma investigação mais aprofundada dos mercados farmacêuticos em seis estados da América do Sul e do Caribe.

Doenças cardiovasculares são uma frequente causa de morte e incapacitação

Aisha Faquir/Banco Mundial

Doenças cardiovasculares são uma frequente causa de morte e incapacitação.

Na fase inicial, os pesquisadores identificaram “inconsistências notáveis” na inclusão dos medicamentos anti-hipertensivos recomendados pela Opas nas Lnme. Um ponto crítico foi a exclusão dos medicamentos de dose fixa, que são fundamentais para um tratamento eficaz e acessível. Já na análise da oferta de medicamentos, foram observadas disparidades alarmantes em relação aos preços e às restrições no registro dos fármacos.

Focalizando o Brasil, o estudo destaca que fatores econômicos frequentemente influenciam a exclusão de medicamentos de dose fixa da lista nacional. Na versão de 2022 do documento aprovado pelo Ministério da Saúde, dos 15 medicamentos listados para tratamento da hipertensão, nenhum era de dose fixa. Curiosamente, 11 deles estão inclusos na Lista Padrão da OMS.

Os Impactos das Políticas de Saúde na Hipertensão

Os autores ressaltam que as decisões de política de saúde no Brasil muitas vezes são impactadas por um olhar puramente econômico, que pode desconsiderar os benefícios a longo prazo dos medicamentos de dose fixa. Esses medicamentos não só aumentam a adesão dos pacientes ao tratamento, mas também permitem um melhor controle da pressão arterial, com potencial para gerar economias significativas no sistema de saúde.

Por outro lado, a escassez de opções de medicamentos de dose fixa leva a custos elevados, aprofundando as desigualdades em saúde pública. Esta situação se reflete no aumento dos casos de doenças cardiovasculares, que, atualmente, são uma das principais causas de morte e incapacidade na região, resultando em mais de dois milhões de óbitos anuais.

A Prevalência da Hipertensão e suas Consequências

Em 2019, a Opas apontou que a hipertensão afetava 35,4% dos adultos entre 30 e 79 anos. Alarmante, 15% dos diagnosticados não recebiam tratamento algum e, entre aqueles que estavam sob medicação, 47% não tinham sua pressão arterial controlada. A pressão alta é um fator de risco significativo para eventos como acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos, isquêmicos e doenças cardíacas.

Buscando Soluções: A Iniciativa Hearts

Diante dos desafios impostos pela hipertensão e seu impacto nas doenças cardiovasculares, a Iniciativa Hearts foi lançada em 33 países da região das Américas. Seu objetivo é desenvolver recursos técnicos que possam ajudar as equipes de saúde primária a lidarem melhor com essas condições.

Desde 2016, a Via Clínica Hearts tem sido a principal iniciativa nessa jornada, promovendo um protocolo de tratamento padronizado. Essa norma recomenda que o tratamento da hipertensão comece com dois medicamentos anti-hipertensivos de classes complementares. O ideal é que sejam administrados em um único tratamento de dose fixa, para aumentar a adesão dos pacientes, reduzir a inércia terapêutica e melhorar o controle da hipertensão com o mínimo de efeitos adversos.

A Importância da Educação e Conscientização

Além das soluções medicamentosas, é vital aumentar a conscientização sobre a hipertensão. Entre as medidas que podem ser tomadas, destacam-se:

  • Campanhas de conscientização pública sobre a hipertensão e seus riscos.
  • Educação sobre a importância de um estilo de vida saudável, incluindo a prática de exercícios físicos e alimentação balanceada.
  • Incentivo à adesão contínua ao tratamento, acompanhando de perto a pressão arterial.

Essas iniciativas podem não só capacitar os pacientes a tomarem decisões informadas sobre sua saúde, mas também ajudar a reduzir o estigma associado às doenças cardiovasculares.

O Caminho à Frente

O cenário do tratamento da hipertensão na América Latina e no Caribe exige atenção e ação. Com a implementação de medidas mais eficazes e a promoção de políticas de saúde que priorizem a inclusão de medicamentos de dose fixa, é possível não só melhorar a qualidade de vida dos pacientes, mas também impactar positivamente as estatísticas de saúde pública na região.

Devemos refletir sobre a relevância das decisões que tomamos hoje na saúde coletiva, e convidar todos a se juntarem a esta discussão. Quais são suas opiniões sobre as diretrizes atuais? Como podemos, juntos, promover uma mudança positiva na abordagem da hipertensão? Compartilhe suas ideias e experiências, e vamos construir um futuro mais saudável e consciente!

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