Recentemente, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou uma nova diretriz que exige a testagem de leite cru para a gripe aviária. Essa medida faz parte de uma resposta vigorosa a um surto que se iniciou em março e que afetou consideravelmente o gado leiteiro. Essa decisão também acontece em um momento em que o leite cru tem sido um tema controverso, com o defensor do produto, Robert F. Kennedy Jr., recebendo destaque por suas alegações sobre os benefícios do leite não pasteurizado.
A nova regulamentação e suas implicações
A nova ordem determina que amostras de leite cru sejam enviadas ao USDA quando solicitado. Além disso, os proprietários de rebanhos que tenham animais testados positivos para a gripe aviária são obrigados a fornecer informações para rastreamento de contatos. O alerta também se estende aos laboratórios privados e veterinários estaduais, que deverão reportar qualquer resultado positivo ao USDA.
Contexto do surto e ações corretivas
Essas novas exigências foram implementadas após a suspensão da venda de leite cru da Raw Farm, uma conhecida fazenda de laticínios em Fresno, Califórnia, onde o vírus foi encontrado em amostras do produto. Essa decisão ocorreu em um momento crucial, pois o estado já havia lançado uma ordem anterior em abril, que exigia testes obrigatórios em vacas leiteiras em lactação antes de qualquer transporte interestadual.
O que a testagem vai abordar?
A primeira fase da testagem está programada para começar na semana de 16 de dezembro e abrangerá regiões como Califórnia, Colorado, Michigan, Mississippi, Oregon e Pensilvânia. O número de estados com gado infectado pelo vírus da gripe aviária já chega a 15 nos EUA, abrangendo cerca de 720 rebanhos. Especialistas indicam que este número pode ser ainda maior, devido à escassez de testes obrigatórios realizados até agora.
Preocupações com a saúde pública
O surto de gripe aviária começou em março, e em abril, a FDA já havia reportado que algumas amostras de leite pasteurizado apresentaram traços do vírus H5N1. Felizmente, o processo de pasteurização elimina ou inativa qualquer risco potencial aos consumidores. No entanto, o consumidor de leite cru enfrenta perigos adicionais, visto que esse produto, por não ser pasteurizado, não passa por esse salvaguarda.
- Os perigos associados ao leite cru incluem:
- Salmonella
- Listeria monocytogenes
- E. coli produtora de toxinas
- Brucella
- Campylobacter
Recentemente, o Departamento de Alimentos e Agricultura da Califórnia alertou sobre um aumento nos surtos relacionados ao consumo de produtos lácteos crus. Essas bactérias podem causar sérias complicações de saúde e leva à necessidade de cautela entre os consumidores.
Promoção do leite cru e a perspectiva dos defensores
Apesar dos riscos associados, o consumo de leite cru continua a ser promovido por diferentes influenciadores e vários grupos, especialmente aqueles alinhados à direita. Personalidades como Joe Rogan têm falado amplamente sobre os benefícios do leite cru, e Robert F. Kennedy Jr. é um proeminente defensor, alegando que sua própria dieta se baseia exclusivamente nesse produto e acusando a FDA de tentar abafar seu consumo.
Essas promoções geram debates acalorados, especialmente com os usuários da mídia social que se posicionam tanto a favor quanto contra o leite cru. A questão reside não apenas na questão nutricional, mas também na segurança alimentar e nos direitos dos consumidores.
Novas dinâmicas na indústria láctea
Nesta mesma linha, o diretor executivo da Raw Farm, Mark McAfee, foi convidado a se candidatar a um cargo na FDA por membros da equipe de transição de Kennedy. Em entrevista ao Los Angeles Times, McAfee confirmou que concordou em se candidatar ao cargo de “assessor da FDA em políticas e desenvolvimento de padrões para leite cru”. Vale lembrar que suas vacas estão sob quarentena e as vendas foram suspensas após a detecção do vírus H5N1 em seu leite, o que adiciona uma camada de complexidade à situação.
Reflexão sobre as práticas de consumo
A situação atual representa um dilema tanto para agricultores quanto para consumidores. A necessidade de garantir a segurança alimentar e a saúde pública deve estar em primeiro plano, enquanto a liberdade de escolha para os consumidores ainda é um tópico debatido. É essencial que as pessoas se informem sobre os produtos que consomem e as possíveis implicações para a saúde.
Esses acontecimentos novos exigem uma análise crítica sobre o que se sabe sobre leite cru e os riscos associados. Embora muitos acreditem em seus benefícios, a ciência e as diretrizes de saúde pública devem ser respeitadas para garantir a segurança geral da população.
