quarta-feira, março 12, 2025

Metabolômica: Descubra Como Seus Alimentos Influenciam Sua Saúde!


Getty Images

Pesquisadores da Embrapa explorarão características únicas da carne bovina.

Você já ouviu falar em metabolômica? Se sua resposta é não, é hora de descobrir! Esse conceito pode impactar diretamente o que você consome. A metabolômica é o estudo detalhado dos metabólitos em organismos, tecidos ou células. Mas o que são metabólitos? São pequenas moléculas essenciais para os processos bioquímicos que sustentam a vida, incluindo aminoácidos, açúcares, lipídios e nucleotídeos.

Recentemente, um grupo de 20 pesquisadores de diversas instituições brasileiras uniu forças com a Embrapa Pecuária Sul, com sede em Bagé (RS), para realizar uma pesquisa inovadora. O objetivo? Descobrir a “impressão digital” da carne bovina gaúcha, levando em consideração os diferentes sistemas de produção e as particularidades dos locais de criação.

Com um enfoque centrado na metabolômica, essa equipe pretende mapear a carne produzida no estado, analisando como os aspectos do ambiente de criação afetam não apenas a qualidade da carne, mas também a saúde dos consumidores. O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).

Um Estudo Abrangente Sobre a Carne Bovina

Intitulado “Prospecção nutricional e metabolômica da carne bovina produzida em sistemas pecuários modais do Rio Grande do Sul e seus potenciais impactos na saúde humana”, o estudo é coordenado pela pesquisadora Élen Nalério. A proposta é analisar como diferentes tipos de produção, manejo animal, características do solo e variedades de raças influenciam os sistemas biológicos dos bovinos e, em consequência, a qualidade da carne.

No estágio inicial deste projeto, a equipe se dedicará a identificar os sistemas de criação mais comuns para o gado de corte no Rio Grande do Sul. “Selecionaremos de três a cinco sistemas para aprofundar as análises. Em seguida, faremos um estudo abrangente das características da carne, buscando conexões com o tipo de criação e o ambiente em que os animais foram criados,” esclarece Nalério.

Divulgação

Élen Nalério, líder do projeto na Embrapa.

Para mapear com precisão a carne, a pesquisa utilizará ferramentas inovadoras, como a metabolômica. Essa disciplina, ainda em ascensão, oferece uma visão bioquímica detalhada de sistemas biológicos. Por meio dela, será possível investigar como diferentes práticas de produção influenciam a qualidade da carne, permitindo a identificação de variados metabólitos presentes no produto.

Inteligência Computacional: Uma Nova Fronteira

Outro recurso essencial do projeto será a inteligência computacional (IC). Essa tecnologia permitirá o desenvolvimento de modelos que representem as características avaliadas em diferentes sistemas de produção. Um banco de dados será criado para armazenar informações como o tipo de solo, a região, o sistema produtivo, a dieta dos animais, a idade no momento do abate, entre outras variáveis coletadas durante as análises laboratoriais.

A partir desse banco de dados, será possível utilizar técnicas de aprendizado de máquina para identificar padrões a partir das informações coletadas. Dessa maneira, será viável estabelecer perfis nutricionais vinculados aos ambientes de produção da carne. “Uma vez definidos esses padrões, eles poderão ser aplicados em sistemas semelhantes para estimar perfis nutricionais em futuras pesquisas,” conta Nalério.

Além disso, a IC permitirá a criação de perfis de saudabilidade, demonstrando como diferentes tipos de carne podem atender às necessidades nutricionais diárias de proteínas e outros nutrientes essenciais.

Impacto e Disponibilidade da Informação

Um dos principais resultados esperados deste projeto é a criação de um dossiê que apresente as características da carne proveniente dos diversos sistemas de produção. O intuito é que o conteúdo gerado ajude as pessoas a tomarem decisões informadas sobre a inclusão da carne em suas dietas.

Nalério menciona que uma das ferramentas de IC a ser desenvolvida permitirá relacionar as necessidades nutricionais diárias com as maneiras pelas quais as carnes podem contribuir nesse aspecto. “As informações obtidas também poderão apoiar o Guia Alimentar para a População Brasileira, fornecendo dados mais precisos sobre a carne gaúcha e ajudando a combater desinformações relacionadas à composição das carnes e seu impacto na saúde,” destaca.

A pesquisadora ainda percebe uma mudança no perfil dos consumidores, que hoje enfrentam uma série de pressões sociais, comerciais e ambientais que questionam tanto a produção quanto o consumo de carne. “Embora essas preocupações sejam válidas, nossos dados sugerem que as carnes gaúchas oferecem características atrativas para consumidores, tanto em termos de eficiência produtiva quanto de saudabilidade,” observa.

Além disso, as informações geradas poderão ser utilizadas para valorizar a carne gaúcha, criando oportunidades de mercado e estabelecendo distinções de origem ou selos de qualidade.

Possibilidades Futuras

Nalério expressa o desejo de expandir esse tipo de projeto para todo o Brasil, abarcando os diferentes sistemas de produção e biomas existentes no país. “Um dos principais objetivos deste projeto no Rio Grande do Sul é desenvolver e validar metodologias que poderão ser aplicadas em regiões diferentes,” destaca.

Dados Ricos e Análises Precisos

Durante o monitoramento das propriedades rurais envolvidas na pesquisa, diversas informações serão coletadas para compor o banco de dados. Essas informações incluirão aspectos como a dieta dos animais, raça, sexo, idade do abate, tempo de terminação, qualidade do solo, taxa de lotação e intensidade das emissões de metano.

As amostras de carne serão recolhidas nos frigoríficos no dia do abate de cada lote. Uma porção da carne, especialmente entre a 11ª e a 13ª costela, correspondente ao músculo Longissimus dorsi, será coletada para análise físico-química, incluindo exames de ácidos graxos, vitaminas e compostos metabolômicos.

Os dados sobre as características da carcaça, como peso, acabamento de gordura e rendimento, serão obtidos nos frigoríficos. Após serem rapidamente congeladas, as amostras seguirão para o Laboratório de Ciência e Tecnologia de Carnes da Embrapa Pecuária Sul e para a Unipampa, onde serão submetidas a diversas análises. (Com Embrapa)


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