O Retorno da Esperança: A Iniciativa Humanitária no Congo
Recentemente, uma ação significativa do Serviço de Assistência Humanitária das Nações Unidas, conhecido como Unhas, trouxe esperança para a África Central. A operação movimentou 46 voluntários, marcando a reativação de uma iniciativa que esteve suspensa de julho a novembro. Este esforço é parte do amplo trabalho realizado pelo Programa Mundial de Alimentos (WFP), que foca em alcançar regiões remotas para fornecer suporte, transportando refugiados de volta ao seu país de origem. A meta do WFP é se reposicionar como um agente essencial no acesso a essas áreas críticas, conforme informado sobre a situação na República do Congo.
Desafios na Assistência Humanitária
No mês de novembro, o WFP fez uma grande diferença na vida de quase 9 mil crianças, com idades entre seis e 59 meses, além de 4.542 mulheres e meninas grávidas ou em período de amamentação. Essas populações receberam cuidados para o tratamento e prevenção da malnutrição aguda moderada, em colaboração com o governo local.
Além do suporte nutricional, o programa incluiu a capacitação de 65 profissionais de saúde, equipando-os com os conhecimentos necessários para combater a malnutrição em 173 centros de saúde assistidos. Destes, pelo menos 25 foram treinados com base nas diretrizes fornecidas pela OMS, garantindo que as práticas de saúde seguissem padrões eficazes.
Regiões como Likouala, Pool e Plateau foram beneficiadas com assistência financeira para mais de 18 mil refugiados centro-africanos e 8.947 refugiados da República Democrática do Congo, totalizando um apoio de mais de US$ 554 mil, conforme relatórios recentes.
Um estudo abrangente também foi realizado para estabelecer metas para o projeto Proclimat, financiado pelo Banco Mundial. Este estudo visa orientar a assistência alimentar e seus dados servirão como base para avaliar futuras intervenções, oferecendo uma visão crítica sobre necessidades e soluções efetivas.

Refugiados constroem novos abrigos no leste da República Democrática do Congo.
A Luta Contra o Subfinanciamento
Um dos maiores desafios enfrentados pelas organizações humanitárias, como o WFP, é a falta de financiamento. O relatório indicou que a agência precisa de urgentemente US$ 7 milhões para atender a necessidades críticas até maio de 2025. Com as cheias se intensificando, o financiamento para a resposta a essas emergências continua sendo uma prioridade para a República do Congo.
A assistência fornecida aos refugiados da RD Congo e da República Centro-Africana corre risco devido à escassez de fundos de emergência. Os refugiados estão enfrentando cortes nas rations que podem chegar a 70%, o que é alarmante, segundo alertas da agência.
A contínua falta de recursos pode também limitar a capacidade do WFP de sustentar o programa de alimentação escolar, que necessitará de aproximadamente US$ 4 milhões para apoiar 45 mil crianças em idade escolar. Este suporte é vital não apenas para a nutrição das crianças, mas também para garantir que tenham a oportunidade de estudar e construir um futuro melhor.
O Impulso do Projeto Mara
Como parte das iniciativas em andamento, o Projeto Mara vem se destacando ao interagir com escolas e pequenos agricultores nas regiões de Pool, Bouenza e Plateau. Durante essas interações, foram discutidos tópicos como os menus escolares adquiridos localmente, preços dos produtos e a implementação efetiva do projeto.
O Programa Mundial de Alimentos também fez investimentos significativos em infraestrutura ao fornecer triciclos, motobombas, depósitos de água e outros utensílios essenciais aos Ministérios da Agricultura e da Educação. Esse suporte não apenas auxilia os agricultores, mas também aprimora as condições nas escolas, beneficiando toda a comunidade.
Uma missão de campo realizada pelo Centro de Excelência do WFP, juntamente com a colaboração do Ministério da Agricultura e da Academia de Ciências Agrícolas da China, trouxe um olhar renovado sobre as práticas agrícolas. O grupo se encontrou com beneficiários do Projeto Mara e com autoridades locais, promovendo um diálogo essencial sobre a cadeia de valor da mandioca e da banana na região de Bouenza.
Entendendo o Contexto Operacional
A República do Congo enfrenta um grave déficit alimentar, produzindo apenas 30% das necessidades alimentares de sua população. Com 31% da população lidando com a insegurança alimentar e uma alarmante quantidade de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza — menos de 2,15 dólares por dia — a situação torna-se cada vez mais crítica.
A estagnação econômica que o país já enfrentava desde 2015 foi severamente agravada pela pandemia de Covid-19 e pelo aumento dos custos dos alimentos e do transporte, influenciados pela guerra na Ucrânia. Essa soma de fatores intensificou a insegurança alimentar, com 19,6% das crianças entre seis e 59 meses vivendo sob malnutrição crônica.
É vital perceber que a forte dependência do Congo de importações alimentares, combinada com a frágil infraestrutura agrícola do país, o torna altamente vulnerável a crises econômicas globais.
Um Chamado à Ação
À medida que a comunidade internacional continua a responder à crise humanitária na República do Congo, torna-se evidente que a colaboração entre governos, organizações não governamentais e a população local é fundamental. A esperança reside na capacidade de unir esforços para enfrentar os desafios e encontrar soluções sustentáveis para um futuro melhor. O que podemos fazer para apoiar essas iniciativas? Como podemos nos engajar e contribuir para a construção de uma realidade mais promissora para essas comunidades?
Se você se sente motivado por essas questões e deseja saber mais, pense em compartilhar este artigo. Seu envolvimento pode ser um passo importante para conscientizar mais pessoas sobre a importância da assistência humanitária e do compromisso com a solidariedade internacional.
Amatijane Candé é o correspondente da ONU News em Bissau.