A Transformação Necessária na Medição da Economia Global

Nos últimos anos, eventos inesperados como as tarifas impostas pelos Estados Unidos tiveram um impacto profundo nas cadeias de suprimento globais, revelando a fragilidade de um sistema econômico interconectado. Vivemos tempos em que 300 milhões de empresas estão entrelaçadas por uma rede de mais de 13 bilhões de conexões, todas enfrentando incertezas sem precedentes. As interrupções que ocorreram durante a pandemia de Covid-19 expuseram vulnerabilidades críticas, desde a falta de desinfetantes até a escassez de componentes essenciais para a indústria aeroespacial. Isso tudo nos leva a questionar: como estamos realmente medindo o crescimento e a produtividade da economia moderna?

A Medição Tradicional e Suas Limitações

As ferramentas atuais para capturar dados econômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB), foram desenvolvidas há décadas, focando predominantemente na demanda. Essas métricas, originadas no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, têm dificuldade em abordar a complexidade das cadeias de produção contemporâneas, onde os bens muitas vezes cruzam fronteiras várias vezes antes de chegarem ao consumidor final. Essa abordagem tem se mostrado insuficiente para entender a realidade do que sustenta a economia hoje.

O Problema das Indústrias Intangíveis

Um fato surpreendente é que cerca de 80% da produção em economias desenvolvidas é considerada "difícil de medir", o que significa que muitas indústrias e setores que impulsionam o crescimento econômico são deixados de lado. As estatísticas tradicionais favorecem setores mais tangíveis e fáceis de avaliar, enquanto aspectos importantes como serviços digitais e inovação tecnológica são negligenciados.

A Necessidade de Novas Ferramentas de Avaliação

A era da interconectividade e das rápidas mudanças exige dos formuladores de políticas novas abordagens para entender as redes de produção global. Não se trata apenas de coletar mais dados, mas também de criar um modelo que consiga capturar a essência da economia moderna. Precisamos ir além do que as estatísticas econômicas convencionais podem nos dizer.

Redes de Produção: Um Novo Paradigma

Uma abordagem mais adequada deve incluir:

• Capacidade produtiva: O estado da infraestrutura, como estradas e portos, além das capacidades de comunicação que sustentam a digitalização.
• Capital humano: A saúde e as habilidades da força de trabalho são cruciais para a produtividade e crescimento econômico.
• Capital natural: É essencial considerar também recursos subvalorizados, como parques nacionais, que oferecem benefícios ao bem-estar e à economia.
• Instituições robustas: A confiança nas estruturas legais de um país pode influenciar significativamente seu desempenho econômico.

Esses elementos devem ser incluídos em uma nova estrutura de medição econômica, que não apenas analisa o que sabemos, mas também busca entender o que ainda não compreendemos.

A Modernização do Sistema de Contas Nacionais

O Sistema de Contas Nacionais (SNA) surgiu na década de 1940 e há muito é a referencial para medir a economia, mas sua habilidade em captar a nova realidade econômica é cada vez mais questionada. Embora tenha evoluído, ainda carrega limitações fundamentais, pois não reflete com precisão as novas dinâmicas de produção e consumo. A realidade é que as estatísticas de hoje não podem abordar adequadamente as complexidades das cadeias de suprimento modernas.

Exigências Tecnológicas e suas Implicações

Com o avanço das tecnologias, especialmente a inteligência artificial e a digitalização de serviços, os métodos tradicionais de mensuração se tornaram obsoletos. Isso se traduz em uma necessidade de adaptação para captar como essas transformações afetam a economia. Precisamos de uma revolução cultural na maneira como coletamos e interpretamos dados, explorando novas fontes e abordagens para entender a produção econômica em sua totalidade.

Unindo Forças para um Futuro Mais Claro

As iniciativas de medição devem incluir:

1. Participação internacional: Para criar um consenso em torno de definições e padrões de dados, é essencial que agências estatísticas de diferentes países colaborem.

2. Novas tecnologias: Ferramentas como sensores, dados de pagamentos e informações coletadas digitalmente podem ajudar a costurar um quadro mais preciso da atividade econômica.

3. Envolvimento do setor privado: Empresas e organizações devem ser incentivadas a compartilhar dados que ajudem a completar as lacunas da medição econômica.

4. Análises mais profundas: Os economistas precisam ir além das medidas convencionais, focando também em indicadores que revelam a resiliência e as vulnerabilidades das cadeias de suprimento.

Um Chamado à Ação

Diante dos desafios que o mundo enfrenta atualmente, é vital que repensemos como mensuramos nossa economia. As estatísticas que moldaram nosso entendimento até aqui precisam de uma atualização radical para que possamos enfrentar o futuro com as ferramentas adequadas.

A necessidade de novas estruturas de medição é clara e inadiável. À medida que as tensões nas cadeias de produção global aumentam, a compreensão do que sustenta nossas economias se torna essencial não apenas para a formulação de políticas, mas também para a segurança e a resiliência econômica de todos os países.

Fica a pergunta: como podemos, juntos, transformar nossas abordagens de mensuração econômica para enfrentar um mundo em constante mudança? Compartilhe suas ideias e reflexões nos comentários! A economia do futuro depende da nossa capacidade de inovar e se adaptar.