Uma Nova Estratégia para os EUA: Repetindo o Sucesso de Kissinger?
O Desejo por Relações com a Rússia
A política externa americana frequentemente é marcada por figuras icônicas, e muitos líderes sonham em seguir os passos de Henry Kissinger. Ele é visto como um exemplo de habilidade diplomática, tática e uma profunda compreensão dos interesses nacionais. Sua aproximação dos EUA com a China em 1972 é talvez seu maior legado.
Com a intensificação da competição global, não é surpreendente que os atuais formuladores de políticas nos EUA estejam considerando uma possível "reversão de Kissinger". Esse cenário envolve trazer a Rússia para mais perto dos EUA a fim de contrabalançar a ascensão da China, movendo-se no sentido oposto do que Kissinger fez na década de 70. Algumas vozes, como a de um autor anônimo de um estudo do Atlantic Council, sugerem essa reestruturação, argumentando que os EUA devem reequilibrar suas relações com a Rússia para evitar um aprofundamento da aliança Moscovo-Pequim.
Ilusões e Realidades: O Que Está em Jogo?
A Frágil Comparação com a Guerra Fria
Embora parecer atraente para o público, tentar afastar a Rússia da China não é uma ideia viável. A comparação com a Guerra Fria é, na verdade, falha. Naquela época, os EUA souberam explorar uma divisão genuína entre os soviéticos e a China. Atualmente, essa ruptura não existe; Rússia e China se tornaram parceiros estratégicos, unidos pela visão de um mundo onde os EUA são percebidos como a maior ameaça.
- Alianças Fortes: Putin e Xi têm anteposto seus interesses autocráticos e a crítica aos EUA como pilares de suas relações.
- Suporte Recíproco: A parceria entre ambos se baseia em interesses concretos e em valores comuns.
Benefícios Complicados de um Reaproximar
No caso de uma reaproximação com a Rússia, os benefícios reais para o povo americano são questionáveis e podem implicar altos custos em outras áreas. Por exemplo:
- Apoio Invalido: Putin não ajudará os EUA a conter a China; ele usará a disposição americana a seu favor, jogando Washington contra Pequim.
- Desgaste nas Relações com Aliados: Qualquer indicativo de favor à Rússia vai alienar aliados importantes, particularmente na Europa.
A História nos Ensinou: Lições do Passado
A Riqueza do Contexto Histórico
É importante lembrar que a ideia de se aproximar da China não começou com Kissinger, mas sim com Richard Nixon, que viu a necessidade de incluir a China no contexto geopolítico global. Naquela época, Mao estava aberto ao diálogo, já que o país enfrentava um dilema com a União Soviética. Em contraste, hoje a Rússia e a China estão intrinsecamente ligadas, tornando impraticável qualquer tentativa de separá-las.
- Cenário Atual: Ambas as nações têm trabalhado juntas em diversos fronts, desde comércio até coordenação militar.
A Simplicidade do Relações Modernas
Atualmente, a união entre Putin e Xi se baseia em uma visão comum para o futuro global e um entendimento mútuo sobre a subversão da influência ocidental.
A Criação de Novas Barreiras
O Quadro do Poder
A competição entre potências não é nova, mas as dinâmicas atuais nos mostram que o caminho para desestabilizar essa aliança não passa pelo flerte com a Rússia. O que está em jogo envolve:
- Vulnerabilidades Humanas: Putin não está em posição de abrir mão de um parceiro estratégico forte como a China.
- Limitações do Ocidente: Um abraço a Moscow pode custar caro para os interesses dos EUA, afetando seus aliados.
As Implicações de um Relacionamento Adverso
Na busca por um novo relacionamento com a Rússia, os EUA podem se ver em uma posição desfavorável. Além de debilitarem suas alianças, os EUA uma reaproximação pode permitir a Putin um espaço excessivo no tabuleiro geopolítico.
- Balanço de poder: Um relacionamento mais estreito com a Rússia pode desequilibrar a dinâmica de poder, tornando Moscou um player chave entre Washington e Pequim.
- Valorização de autocracias: Endossar a Rússia seria um passo atrás no suporte a valores democráticos e direitos humanos.
O Que Esperar?
Olhando para o Futuro
Enquanto os EUA vão atrás de um mundo mais cooperativo e democrático, a aproximação com a Rússia pode trazer mais problemas do que soluções. Investir em um relacionamento que promove liderança autocrática, em lugar de alianças com democracia e direitos humanos, parece ser um caminho imprudente.
Uma Questão de Realidade
Teoricamente, a queda da Rússia nas mãos de uma perspectiva dos EUA poderia parecer atraente, mas a realidade mostra que o que une Putin e Xi é mais forte do que as tensões que podem surgir. O diálogo que pareça mais promissor pode rapidamente se desvanecer diante de uma parceria consolidada entre os dois líderes autocráticos.
Considerando tudo isso, a reflexão se torna inevitável: vale a pena reverter as lições aprendidas na história, em direção a uma relação com Putin que poderiam custar caro aos US? Essa discussão deve continuar, e você esteve aqui para participar dela. Como você vê o futuro das relações EUA-Rússia-China?