segunda-feira, abril 28, 2025

Por trás das Alianças: A Estratégia Militar Crescente de Pequim que Pode Mudar o Jogo Global


A Aliança Inusitada: China, Irã, Coreia do Norte e Rússia em Foco

Em uma coletiva de imprensa realizada em junho de 2024, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o Secretário Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, expressaram sua preocupação com o fortalecimento das relações entre China, Irã, Coreia do Norte e Rússia. Esta união informal entre os quatro autocratas não é uma preocupação exclusiva deles; muitos políticos em Washington se referem a esse grupo como um novo “eixo do mal.” A coordenação em atividades militares e diplomáticas entre essas nações é observada de perto por analistas, que sublinham que essas potências compartilham retórica similar e interesses comuns – o que parece refletir em um objetivo claro: enfraquecer os Estados Unidos.

Os Poderes Envolvidos

Cada um desses países possui capacidades formidáveis. No entanto, a China se destaca como o elemento central desse bloco. Com a maior população e economia do mundo, o país também é o principal fornecedor de ajuda a seus parceiros. Vejamos alguns pontos-chave sobre cada membro deste grupo:

  • China: É o principal aliado comercial da Coreia do Norte e tem sido um suporte significativo para o Irã, ajudando-o a enfrentar sanções internacionais desde a assinatura de um acordo de "parceria estratégica abrangente" em 2021. Além disso, forneceu à Rússia mais de 9 bilhões de dólares em itens de uso duplo (produtos com aplicações comerciais e militares) desde a invasão da Ucrânia, o que tem ajudado a economia russa a resistir às sanções ocidentais, que buscam desestabilizar seu esforço bélico. Importante ressaltar que atualmente, 38% das importações da Rússia são provenientes da China.

  • Irã: Beneficiário dos laços com a China, o Irã não só recebe apoio econômico, mas também político, o que lhe permite fortalecer suas ações na região.

  • Coreia do Norte: É fortemente dependente da China para sua sobrevivência econômica e para sustentar sua postura belicosa, recebendo apoio em termos de comércio e recursos.

  • Rússia: Apesar de enfrentar severas sanções dos Estados Unidos e aliados, a Rússia tem encontrado um suporte valioso na China, o que tem impactado diretamente sua capacidade de resistir à pressão ocidental.

A Postura Ambígua da China

Curiosamente, a China não deseja ser vista como a líder desse grupo. Parte dessa estratégia se revela em declarações de suas autoridades, como a do primeiro-ministro Li Qiang, que em abril de 2023 afirmou que as relações China-Rússia seguem princípios de não alinhamento e não confrontação. Tais posicionamentos indicam que Beijing está tentando equilibrar suas relações para não se comprometer excessivamente com as ações de seus aliados autocráticos.

Esse jogo de ambiguidade é estratégico. A intenção da China é suplantar os Estados Unidos como potência global dominante. No entanto, sua aliança com Irã, Coreia do Norte e Rússia pode, ao mesmo tempo, prejudicá esses objetivos, pois essas nações instigam tensões que podem distrair a atenção de Washington e alocar recursos preciosos para a contenção delas.

Além disso, as ações dessas potências frequentemente antagonizam vizinhos influentes, como Alemanha, Japão e Arábia Saudita, que a China gostaria de manter como aliados.

O Que Está em Jogo?

Infelizmente, os Estados Unidos parecem estar permitindo que a China desfrute do melhor dos dois mundos. A atual administração dos EUA concentra-se em identificar se essas nações estão formando uma aliança de defesa tradicional, enquanto ignorem que a abordagem empreendedora da China em suas parcerias já está se mostrando eficaz.

Aqui está o que Washington deve considerar:

  • Mudança de Foco: Em vez de dissecá-las ao ponto de tentar separá-las, o governo dos EUA deve começar a enxergá-las como um bloco autocrático coeso. Essa perspectiva poderia ajudar a moldar uma resposta mais eficaz às suas ações coletivas.

  • Ameaça Militar Potente: A capacidade militar desses países, quando unida, pode representar um sério desafio. O eixo, cada vez mais coordenado em questões militares, tem o potencial de desviar as forças dos EUA em um conflito que poderia se espalhar por múltiplas frentes, comprometendo as estratégias de defesa dos aliados.

Lições da História: O Passado e o Presente

O relacionamento entre a China e a União Soviética durante a Guerra Fria apresenta um paralelo interessante. Apesar de um tratado de amizade assinado em 1950 que prometia mútua assistência, as relações entre os dois rapidamente se tornaram complexas, culminando em disputas de liderança dentro do bloco comunista. Os Estados Unidos conseguiram explorar essa tensão para seu benefício, mas o cenário atual é diferente.

A natureza dos vínculos modernos de Beijing é multifacetada, caracterizada por uma série de colaborações que não implicam um comprometimento total. Mesmo com a formação de laços, a China se isola deliberadamente em alguns aspectos, como ao não endossar a invasão da Ucrânia ou envolver-se diretamente em conflitos do Oriente Médio.

Isso é facilitado por inteligências e fornecedores que se beneficiam do comércio com a China, criando uma rede de interdependências que mantém estabilidade e, ao mesmo tempo, promove tensões regionais.

A Nova Dinâmica do Poder Global

Nesse contexto, o que os Estados Unidos devem fazer para se ajustar a essa nova realidade? Algumas considerações:

  • Tratamento como um Bloco: O foco deve ser a união dos países autocráticos e o reconhecimento de que ações de um impactam a todos. As sanções, por exemplo, podem ser ampliadas para atingir diretamente órgãos que apoiam esses regimes.

  • Envolver Parcerias: É fundamental que os EUA busquem engajamento com aliados que, embora tenham preocupações próprias, podem ver o crescente poder da China como uma ameaça compartilhada.

Caminhos Possíveis

A abordagem norte-americana deve se centrando na construção de uma narrativa que una, em vez de dividir. Contudo, é crucial evitar um viés ideológico que rotule a competição global como democracias contra autocracias. Muitos países, especialmente os em desenvolvimento, não se veem como parte dessa dicotomia e preferem parcerias baseadas em crescimento e desenvolvimento.

A estratégia de liderar e conquistar também deve incluir:

  • Apoio de Projetos Alinhados: Investir em iniciativas que tratem das preocupações da população, como saúde, educação e segurança cibernética.

  • Atração Global: Para ser eficaz, os EUA devem oferecer alternativas que atraem tanto países autocráticos quanto democráticos, evitando a percepção de uma guerra de sistemas.

Reflexões Finais

A realidade é que o jogo de poder no cenário internacional está em constante evolução. A dinâmica entre China, Irã, Coreia do Norte e Rússia oferece novos desafios e oportunidades. A abordagem dos EUA deve ser de conteúdo reflexivo, buscando entender como cada ação pode ter repercussões amplas e profundas.

Ao abraçar essa compreensão e trabalhar para construir laços mais flexíveis e coesos, Washington pode não apenas mitigar o crescimento da influência de seus adversários autocráticos, mas também posicionar-se de forma mais robusta em um mundo que está rapidamente se transformando. E você, o que pensa sobre essa nova configuração de poder global? Deixe suas opiniões e vamos discutir!

- Publicidade -spot_img

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Publicidade -spot_img
Mais Recentes

Eletrobras: A Surpreendente Desistência de Mantega do Conselho Fiscal!

Eletrobras: Novas Reviravoltas no Conselho Fiscal A Eletrobras, uma das maiores empresas do setor elétrico brasileiro, está passando por...
- Publicidade -spot_img

Quem leu, também se interessou

- Publicidade -spot_img