
Siddiqui/Reuters dinamarqueses
Desafios e Oportunidades nas Exportações de Carne de Frango do Brasil em 2023
O cenário das exportações brasileiras de carne de frango passou por uma transformação significativa em maio, com uma queda de 12,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Este declínio é, em grande parte, um reflexo dos embargos decorrentes de um surto de gripe aviária que afetou uma granja comercial. No entanto, a situação no Brasil não é tão severa quanto em outros países que enfrentaram problemas de saúde pública semelhantes.
Impacto do Surto de Gripe Aviária
A avaliação foi realizada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que divulgou dados sobre embarques e detalhou o cenário desafiador na última sexta-feira. As exportações em maio somaram 393,4 mil toneladas, comparadas a 451,6 mil toneladas em 2024. Esse panorama foi corroborado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que já havia sinalizado a redução nas vendas externas do produto in natura.
- Embarques de maio: 393,4 mil toneladas
- Queda em relação a 2024: 12,9%
Ricardo Santin, presidente da ABPA, destacou que, apesar dos embargos aplicados em cerca de 20 mercados, incluindo alguns dos principais destinos, a quantidade de frangos exportados manteve-se próxima das 400 mil toneladas. “O impacto, até aqui, foi proporcionalmente menor em relação à relevância das importações desses países”, afirmou Santin.
Redirecionamento das Exportações
Uma das estratégias da indústria de aves é redirecionar os embarques, adequando-se às necessidades dos importadores que aplicaram as suspensões. Por exemplo, importantes compradores como o Japão embargaram apenas a carne proveniente de uma região específica, Montenegro (RS), onde o surto foi detectado. Outros importadores também optaram por suspender a carne do Rio Grande do Sul.
Graças a essa flexibilidade, a indústria tem conseguido atender a demanda com produtos de outras regiões do Brasil, mantendo assim uma certa estabilidade nas exportações.
Defesa da Regionalização dos Embargos
Durante uma reunião, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, enfatizou a importância da regionalização nos embargos comerciais. Ele argumentou que um país de dimensão continental como o Brasil não deveria ter suas exportações bloqueadas em todo o território se o foco da gripe aviária é restrito a uma determinada região.
Vale ressaltar que algumas nações, como a China – maior importador em 2024 –, aplicaram embargos gerais à carne de frango do Brasil.
Receita e Performance do Setor
A ABPA também informou que a receita gerada pelas exportações de carne de frango em maio alcançou a cifra de US$741,1 milhões, uma diminuição de 9,5% em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, a performance de janeiro a maio mostra uma recuperação, com 2,256 milhões de toneladas exportadas, refletindo um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior.
- Receita de janeiro a maio: US$4,234 bilhões
- Crescimento na receita: 10,18%
Os mercados que mais influenciaram o desempenho das exportações em maio foram:
- China: 35,8 mil toneladas (-28% em relação ao ano passado)
- A África do Sul: 25,5 mil toneladas (-20,5%)
- Mexicano: 16,6 mil toneladas (-18,8%)
Expectativas e Tendências Futuras
Conforme explicado por Santin, a diminuição nos volumes embarcados estava prevista pelo setor, considerando as suspensões em decorrência do surto da Influenza Aviária, que, felizmente, já foi resolvido. Ele destacou que a retração nas vendas para a China, África do Sul e México estava dentro dos limites esperados.
Por outro lado, um dado positivo é o crescimento das exportações para a União Europeia, que subiram 46,2%, totalizando 24,8 mil toneladas no mês. Esta alta é justificada pelo ritmo elevado de vendas para o mercado europeu, mesmo com a autossuspensão adotada na segunda quinzena de maio.
O Futuro das Exportações de Aves
O cenário atual representa mais do que uma simples queda nas exportações; ele é um chamado à resiliência da indústria avícola brasileira. O redirecionamento estratégico de cargas e a defesa por uma abordagem regionalizada nos embargos são passos importantes para a manutenção do fluxo de produtos no mercado internacional.
Assim, à medida que a indústria se adapta a essas mudanças, surgem oportunidades para o fortalecimento das relações comerciais com diversos países. O Brasil, com sua vasta capacidade produtiva, continua a ser um agente relevante no cenário global de proteínas.
O que podemos esperar para o futuro? Como essa indústria se adaptará a novos desafios e quais estratégias ainda estão por vir? Essas são questões que somente o tempo poderá responder, mas a determinação de inovar e superar parece ser uma constante nessa trajetória.