quinta-feira, março 13, 2025

Real Digital: O Caminho Inevitável e Necessário para a Evolução Financeira

Caros leitores, digníssimas leitoras,

Muito tenho discutido sobre as vantagens, casos de uso, necessidade de privacidade e como manter isso com a componibilidade necessária no Real Digital. De tempos em tempos, é necessário sair de olhar as árvores e voltar a ver a floresta, e é isso que pretendo fazer aqui.

A inevitável digitalização da moeda

A digitalização da moeda é um fenômeno inevitável. Nós já utilizamos carteiras digitais para pagamentos há muito tempo. Dinheiro físico fica cada vez mais restrito a pequenos comércios que ainda não se digitalizaram, como alguns cafés e estabelecimentos de pequeno valor. Até mesmo nessas situações, o PIX tem se tornado uma solução viável, eliminando a necessidade de dinheiro em papel.

A digitalização pode ocorrer por meio das arquiteturas atuais, baseadas nos sistemas de cartões de crédito e débito, como é comum no Ocidente, ou através de plataformas como WeChat e Alipay na China. Outra possibilidade é uma nova infraestrutura, utilizando Blockchain ou DLT (Distributed Ledger Technology), trazendo vantagens como:

  • Sistema unificado de envio de mensagens e dinheiro (tokens);
  • Maior auditoria e transparência das transações;
  • Possibilidade de transações diretas entre pessoas (peer-to-peer);
  • Programabilidade e composição com casos de uso inovadores, como serviços e custódia.

O surgimento dessa nova infraestrutura financeira, baseada em plataformas DeFi (Finanças Descentralizadas), tem o potencial de tornar os sistemas financeiros nacionais e globais mais eficientes e integrados. Mesmo na zona do Euro, onde a moeda é comum, os sistemas de pagamentos instantâneos dos países não se conectam plenamente. Um sistema DLT mundial poderia resolver isso, criando um padrão global semelhante ao EVM (Ethereum Virtual Machine).

O Real Digital como protagonista

O Real Digital surge para explorar essas possibilidades. Ele vai além da simples digitalização da moeda ao possibilitar a programabilidade e o desenvolvimento de uma nova infraestrutura financeira. Inúmeros casos de uso emergem desse cenário, como discutido em episódios recentes do Tokenfi com o João Pirola, da AmFi, que apresentou casos de uso impressionantes.

Para muitos, a pedra fundamental dessa evolução foi o lançamento da Libra pelo Facebook em 2018. Apesar de o projeto não ter saído do papel, ele impulsionou os Bancos Centrais a reagirem e acelerarem a busca por sistemas financeiros mais modernos. Sem a Libra, esses avanços teriam acontecido, mas certamente a um ritmo mais lento.

O papel dos Bancos Centrais na era digital

Essa digitalização também redefiniu o papel dos Bancos Centrais. Funções tradicionais, como controle de políticas monetárias, não mencionam a criação de infraestruturas de mercado. Contudo, com moedas digitais, o controle e a visualização das transações se tornam um pilar fundamental. Exemplos claros incluem os movimentos dos Bancos Centrais da Suécia e da China.

Qual a melhor infraestrutura para essa evolução?

Aqui, minha opinião é direta: a arquitetura criada pelas criptomoedas é a melhor opção. As redes de blockchain são mais eficientes em auditoria, transações peer-to-peer e em trocas atômicas (DVP). Ainda assim, desafios permanecem, como:

  • Privacidade: Garantir a segurança das informações sem comprometer a transparência;
  • Escalabilidade: Tornar o sistema mais robusto e eficiente para lidar com volumes maiores de transações.

No entanto, esses não são impossibilidades, mas escolhas tecnológicas que precisam ser feitas.

Real Digital: Necessidade ou inevitabilidade?

A resposta é simples: é os dois. A digitalização é um caminho inevitável, e o Real Digital é necessário para que o Brasil permaneça na vanguarda do desenvolvimento financeiro global. Com tecnologias como blockchain, é possível fazer tudo o que já fazemos hoje de forma mais eficiente. O PIX é um grande exemplo disso, mas limitado a transferências de valores em reais e dentro do Brasil.

O Real Digital vem para preencher essa lacuna, permitindo a modernização da infraestrutura financeira com possibilidades infinitas. Que venha o inevitável e necessário Real Digital, e que venha o quanto antes!

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