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Convivendo com a Natureza: O Desafio de Sustentar um Mundo em Crescimento

As mudanças climáticas se tornam cada vez mais evidentes em nosso dia a dia. É um alerta constante que não pode ser ignorado. Ao invés de procurar culpados, precisamos unir forças em busca de soluções. Como habitantes desse planeta, temos a responsabilidade de empregar nossos recursos intelectuais e financeiros para amenizar os impactos desses eventos climáticos.

A Profundidade do Desafio Climático

O debate sobre sustentabilidade vai muito além de discutir a temperatura global ou o limite de 1,5°C. Devemos olhar para o quadro mais amplo: o acesso à água, a biodiversidade e a utilização sustentável dos recursos que garantem nossa existência e a das futuras gerações. A conexão entre a natureza e nossa sobrevivência é indiscutível. A chave é trabalhar de forma integrada, reconhecendo a natureza como nossa aliada.

Uma Nova Era: Economia e Natureza em Harmonia

O desafio que enfrentamos é grande, mas a nossa capacidade de inovação também é imensa! Estamos entrando em uma nova era em que a natureza e a economia devem coexistir. Com o aumento da população e a escassez de recursos, a busca por eficiência se torna um imperativo diário.

• O Brasil já alimenta cerca de 1 bilhão de pessoas e tem potencial para expandir esse número.
• Essa expansão não depende da abertura de novas áreas, mas da recuperação de terras degradadas e subutilizadas.

Esse tipo de reforma não apenas aumentaria a produção agrícola, mas também ajudaria a armazenar carbono no solo, contribuindo para a redução dos gases de efeito estufa. Entretanto, para que esse potencial seja realizado, são necessários investimentos elevados, que deveriam ser encampados pelos países mais ricos do mundo.

Desafios Globais e a Realidade Brasileira

Em nível global, cerca de 60 bilhões de toneladas de CO2 equivalente são emitidas anualmente. Destas, 75% provêm da queima de combustíveis fósseis, como petróleo, gás natural e carvão. Infelizmente, a ação efetiva para combater esse cenário ainda é muito tímida. Muitas discussões ficam restritas ao que se pode fazer do ponto de vista ambiental, enquanto as emissões fósseis permanecem em segundo plano.

O Brasil, por sua vez, apresenta um panorama diferente. Nossa matriz energética é considerada uma das mais limpas do planeta, com 48% de sua composição baseada em fontes renováveis. Quando falamos de energia elétrica, quase 90% dela é renovável, destacando a energia hidrelétrica, que sozinha representa 55% da geração de eletricidade, com quase nenhum resíduo gerado no processo.

O Calcanhar de Aquiles: O Desmatamento

No entanto, o desafio que o Brasil mais enfrenta está relacionado às emissões decorrentes de mudanças no uso do solo, em especial o desmatamento. Vale destacar que 65% do desmatamento acontece em terras públicas e geralmente de forma ilegal. Para cumprirmos nossos compromissos nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) firmadas na UNFCCC, precisamos combater esse cenário de forma rigorosa.

Esses compromissos não são apenas uma responsabilidade brasileira, mas uma obrigação de todos os países signatários, que serão avaliados na Conferência das Partes (COP30) em 2025, em Belém.

Protegendo Nossas Florestas

As emissões brasileiras alcançam aproximadamente 2,4 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, com 50% desse total decorrente do desmatamento. Precisamos urgentemente proteger nossas florestas e encontrar formas de ser recompensados por mantê-las preservadas. Essa ideia pode soar simples, mas o financiamento para essas iniciativas ainda é escasso. É vital transformar nossas florestas, um dos maiores patrimônios do planeta, em ativos financeiros reconhecidos.

A Floresta Amazônica: Um Patrimônio Inestimável

A Amazônia é insubstituível. Suas contribuições para o planeta, como os “rios voadores”, são essenciais para a produção de alimentos em toda a região tropical. Além disso, alberga 30% da biodiversidade mundial e uma riqueza mineral inestimável em suas profundezas. Assim, precisamos buscar formas de utilizar esses recursos de forma consciente, responsável e segura, garantindo que a região mais rica em recursos naturais do mundo não continue sendo o lar de pessoas que vivem em condições de miséria.

A Transformação em Ativos Financeiros

Os créditos de carbono, os incentivos à biodiversidade e a proteção de nascentes e rios precisam ser convertidos em ativos financeiros seguros. O Brasil tem enorme potencial para gerar cerca de 1,5 bilhão de toneladas em créditos de carbono, o que poderia não apenas ajudar no combate às alterações climáticas, mas também proporcionar oportunidades econômicas relevantes.

O caminho para equacionar a necessidade de desenvolvimento sustentável e a proteção do meio ambiente não é fácil, mas é urgente. É fundamental que todos nós participemos desta discussão e façamos nossa parte.

* Maressa Villela é produtora rural, conselheira COSAG, do Conselho Superior do Agro na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e coordenadora do comitê de sustentabilidade da Sociedade Rural Brasileira.

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