
Julia Maciel
Suping Geng: Uma Ponte entre o Brasil e a China através da Soja
Na última semana, o chinês Suping Geng, com seus 53 anos, se destacou como um dos 2.500 participantes do 10º Congresso Brasileiro da Soja (CBS) em Campinas, São Paulo. Este evento, considerado o mais significativo do setor, acontece a cada dois anos e atrai profissionais de todo o mundo. Residente há quatro anos na capital paulista, Geng, que vem de Xangai, revela sua paixão por churrasco brasileiro, mas discute algo ainda mais importante para ele: “Nós amamos a soja brasileira”, afirmou ele à Forbes, enquanto se acomodava em um estande decorado com cores vibrantes e com letreiros em sua língua nativa.
A Importância do Brasil e da China na Cadeia da Soja
Geng vê um grande potencial nas relações comerciais entre Brasil e China. “Estamos aqui porque o Brasil é o maior produtor de soja e a China, o maior importador”, explica. Com uma trajetória profissional que inclui passagens por gigantes como o Dunhuang Seed Group e a Syngenta, Geng chegou ao Brasil para assumir a vice-presidência de negócios da DBN Biotech. Sua missão? Implementar a biotecnologia da empresa, que já se destaca desde sua fundação em 2011.
Foco na Segurança Alimentar e Inovação
Geng enfatiza a importância da tecnologia chinesa para a segurança alimentar. “Os produtos genéticos desenvolvidos na China são destinados principalmente para o mercado chinês, garantindo alimentos mais seguros para nossa população”, diz ele. Sua tarefa é convencer o mercado brasileiro sobre a viabilidade de uma “nova rota da soja”, uma alusão à “nova rota da seda”, um projeto que visa reestruturar o comércio global.
O Papel da DBN Biotech
A DBN Biotech, localizada em Zhongguancun, Beijing, abriga o DBN Phoenix International Innovation Park, um extenso complexo dedicado à pesquisa e inovação em biotecnologia. A empresa já conseguiu desenvolver sementes geneticamente modificadas de soja, que foram aprovadas para cultivo no Brasil em abril deste ano pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
Atualmente, a DBN está em fase de testes com três variedades de soja transgênica, e Geng compartilha suas expectativas: “Nossa meta é nos consolidar como um grande fornecedor de sementes de soja geneticamente modificadas até 2028”. A empresa também planeja expandir seus testes para milho e algodão.
Concorrência no Mercado de Biotecnologia
Atualmente, 97% da soja exportada do Brasil utiliza biotecnologia desenvolvida por empresas como Bayer, Corteva Agriscience, BASF e Syngenta. Porém, a entrada de empresas chinesas como LongPing High-Tech e KingAgroot promete aumentar a concorrência, uma vez que já solicitaram autorização à CTNBio para testar suas sementes no país.
Fortalecendo Relações Bilaterais
O foco no Brasil é estratégico. Durante a visita do presidente Lula à China em abril de 2023, importantes acordos de cooperação foram firmados nas áreas de ciência, tecnologia e biotecnologia. Em uma nova visita em maio, o Brasil assinou acordos bilaterais com empresas chinesas que devem beneficiar tanto a área de tecnologia quanto a de saúde.
“Esse novo enfoque nas biotecnologias representa um passo importante para o fortalecimento das relações entre esses dois países, que são grandes produtores e compradores”, ressalta Geng.
Desafios e Oportunidades
A colaboração entre Brasil e China poderá acelerar a liberação de novas cultivares que já possuem aprovação no Brasil, mas que ainda aguardam a validação chinesa. Isso é crucial, pois a China já importa soja geneticamente modificada do Brasil, mas a aprovação está sujeita a regulamentações rigorosas no país.
Um exemplo notável de inovação é o Laboratório Nacional da Baía de Yazhou, que foca no melhoramento de sementes e biotecnologia agrícola. A parceria com a Embrapa Soja, localizada em Londrina (PR), visa ampliar as pesquisas e o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil.
Reflexões Finais
O futuro parece promissor para a soja brasileira e para a colaboração entre o Brasil e a China. Com investimentos em biotecnologia e tecnologia de ponta, as oportunidades de crescimento e desenvolvimento são vastas. À medida que as relações se estreitam, tanto o Brasil quanto a China podem se beneficiar de um mercado mais robusto e inovador.
O que você pensa sobre essa crescente parceria entre dois dos maiores players do mercado de soja? Quais são suas expectativas para o futuro da biotecnologia agrícola no Brasil? Deixe suas ideias nos comentários!