Luiza Brunet: Da Passarela à Luta pelos Direitos das Mulheres

Luiza Brunet, ícone da moda brasileira nas décadas de 80 e 90, é mais do que uma ex-modelo de sucesso; é uma mulher que se transformou em uma voz potente na luta pelos direitos das mulheres. Após ser descoberta pela Revista Manchete, Luiza não apenas brilhou nas passarelas, mas também fez a transição para a dramaturgia e o empresariado, culminando hoje em um engajamento ativo como ativista.

Na semana passada, a modelo esteve presente na ONU, participando de uma das reuniões mais significativas do ano sobre os direitos das mulheres, acompanhada pela delegação da Legião da Boa Vontade (LBV). Para ela, o combate à violência de gênero é um assunto que toca sua essência de forma muito pessoal.

Enfrentando a Violência: Uma Experiência Pessoal

A jornada de Luiza com a violência doméstica começou com um trauma pessoal. Em 2016, durante uma viagem a Nova Iorque, ela foi agredida pelo ex-parceiro, um episódio que a levou a romper com um ciclo de abuso. “Eu realmente tive medo de morrer”, relembra, ao descrever o dia fatídico que resultou em ferimentos sérios.

Ela compartilha sua experiência em um diálogo sincero com o Podcast ONU News, destacando como percebeu que sua situação era abusiva. "Muita coisa aconteceu em privado, mas também em público, e isso me deixou envergonhada, pois não queria expor nossa relação, mas cheguei ao ponto em que não pude mais ignorar", diz Luiza.

De fato, essa consciência é vital. Estudos apontam que uma em cada três mulheres enfrentará violência de gênero ao longo da vida. Dados da ONU revelam que mais de 51 mil mulheres foram assassinadas por parceiros íntimos ou membros da família apenas em 2023, o que equivale a um feminicídio a cada 10 minutos.

Embora tenha se tornado uma estatística da violência, Luiza decidiu não se deixar "revitimizar". Em uma conferência na Índia, ela fez a escolha consciente de transformar sua dor em ação em apoio a outras mulheres que sofreram abusos.

O Desrespeito aos Direitos das Mulheres

Em sua reflexão sobre a situação das mulheres no mundo, Luiza aponta a importância da Lei Maria da Penha no Brasil, uma legislação robusta destinada a proteger as mulheres. Contudo, ao viajar para países como Itália, Espanha, Japão e Índia, ela notou a ausência de legislações semelhantes. "Em muitos lugares, a mulher é desvalorizada e, muitas vezes, não respeitada, especialmente em ambientes como Parlamentos", afirma.

Ela destaca que o evento da ONU é fundamental pois reúne pessoas determinadas a fazer a diferença. “Estamos todos aqui com o objetivo de transformar essa realidade, buscando uma vida com mais respeito e saúde para todos”, reforça.

Contribuições para a Igualdade de Gênero

Este ano, durante a 69ª Sessão da Comissão do Estatuto das Mulheres, representantes de diversos países discutiram o progresso em relação à igualdade de gênero. Apesar de alguns avanços, a ONU Mulheres alertou que, se não houver mudanças significativas, levará 130 anos para alcançar a paridade.

Assim, a declaração política adotada pelos Estados membros reafirma que a igualdade de gênero é crucial para o desenvolvimento sustentável. A luta pela eliminação de barreiras estruturais que impedem o avanço das mulheres no espaço público e privado continua a ser uma prioridade.

Conversando com Luiza Brunet

Em uma entrevista cativante, Luiza compartilha seus sentimentos sobre a luta das mulheres e como a sua ativação surgiu a partir de experiências pessoais dolorosas. Para ela, cada mulher precisa reconhecer seu valor e agir contra qualquer forma de violência. Ao ser questionada sobre como as mulheres podem identificar o início de um relacionamento abusivo, Luiza sugere que é essencial estar atenta às sutilezas das interações. "Os homens que cometem violência geralmente começam sendo carinhosos e atenciosos, mas, com o tempo, tornam-se manipuladores", destaca.

Ela ressalta que muitas mulheres muitas vezes subestimam essas situações. "É importante que elas percebam desde o início as pequenas atitudes abusivas para que possam romper o ciclo de violência antes que ele se intensifique", aconselha Luiza.

Empoderamento e Autonomia Financeira

Um fator crucial para que as mulheres consigam sair de relacionamentos abusivos é a autonomia financeira. Luiza acredita que o empreendedorismo feminino é essencial. “Quando as mulheres têm a oportunidade de trabalhar e serem economicamente independentes, isso as fortalece”, afirma.

Ela também menciona a necessidade de olhar para a cultura de silêncio e defesa que muitas mulheres implementam em suas vidas. "Desde pequenas, muitas vezes somos programadas para justificar os comportamentos dos homens", analisa Luiza.

Reflexões Finais sobre a Empatia e Ação

Luiza Brunet não apenas fala sobre a importância de denunciar a violência; ela incentiva todas as pessoas a se tornarem aliadas na luta pela igualdade. "E essa mudança não deve vir apenas das mulheres. Os homens também precisam ser envolvidos nessa discussão", afirma. Para Luiza, a chave para que haja avanços significativos está na educação, que deve ser amplamente discutida e promovida dentro das famílias e comunidades.

Com sua história de superação e ativismo, Luiza se tornou um símbolo de esperança e força para muitas mulheres. Sua jornada nos lembra que a luta pela igualdade de gênero é uma responsabilidade compartilhada, e que as vozes de todas as mulheres devem ser ouvidas e valorizadas.

Seu trabalho contínuo, como a criação do Instituto Luiza Brunet, demonstra seu comprometimento em proporcionar um futuro melhor, onde as mulheres possam viver com dignidade, respeito e liberdade. Ela continua a viajar, a compartilhar sua mensagem e a inspirar outras mulheres a se erguerem contra a violência.

A relevância de Luiza Brunet vai muito além de sua fama como modelo. Ela é uma mulher que se tornou uma referência de resistência, empoderamento e mudança, lembrando a todos que a luta pela equidade de gênero está longe de terminar e que cada passo conta na construção de uma sociedade mais justa.