Obter imagens

Uma Urgente Chamada à Ação: Mais de 150 Ganhadores do Nobel Pedem Segurança Alimentar Global

Iniciamos o ano de 2025 com uma significativa mobilização de vozes ilustres. Uma carta aberta, subscrita por mais de 150 laureados com prêmios Nobel e World Food Prizes, destaca a necessidade de ações imediatas e eficazes para incrementar a produção de alimentos, visando a erradicação da fome e a segurança alimentar em todo o mundo. Atualmente, 700 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar, e a previsão é que a população global cresça em 1,5 bilhão até 2050. A comunicação enfatiza que a produção de alimentos está avançando a um ritmo inferior ao crescimento populacional, resultando em uma discrepância crescente entre essas duas curvas.

Os desafios para alimentar a população mundial hoje serão intensificados por questões de produção no futuro. A meta é assegurar que, até 2050, possamos alimentar cerca de 9,7 bilhões de pessoas. Para tanto, os vencedores do Nobel propõem um impacto forte em áreas como pesquisa, tecnologia e inovação.

Iniciativas Fundamentais para o Futuro da Alimentação

A carta enumera diversas descobertas científicas e áreas emergentes que devem ser priorizadas. Entre as sugestões, destacam-se:

• O aprimoramento da fotossíntese em culturas essenciais como trigo e arroz, a fim de maximizá-las para um crescimento eficiente;
• O desenvolvimento de variedades de cereais que possam absorver nitrogênio biologicamente, tornando-se independentes de fertilizantes;
• A pesquisa e valorização de culturas nativas ricas em nutrientes, que frequentemente recebem pouca atenção em termos de melhorias.

Por que Isso é Crucial para o Brasil?

No cenário global atual, o Brasil se apresenta como uma potência produtora de alimentos, especialmente em um contexto afetado pela pandemia e por conflitos geopolíticos, como a guerra na Ucrânia. Essa situação gera uma série de desafios, mas também oportunidades para o nosso país. A América Latina, em particular, possui a capacidade de expandir sua produção de forma sustentável, sem a necessidade de desmatar novas áreas, diferenciando-se em um mundo cada vez mais necessitado de soluções inovadoras e éticas.

O Brasil é o maior exportador mundial de importantes commodities, como soja, café, açúcar, suco de laranja, algodão e carnes. De acordo com Gustavo Spadotti Castro, chefe geral da Embrapa Territorial, o Brasil apresenta um superávit de US$ 129 bilhões em exportações líquidas de alimentos, e o setor agropecuário, que equivale a 9,4% do comércio global de mercadorias, é responsável por 86% desse total.

Um Futuro Prosperamente Sustentável no Agro

Para que o Brasil possa dar o próximo grande passo em sua produção agrícola, serão necessários investimentos robustos, além de um ambiente jurídico e legislativo estável que favoreça a pesquisa e inovação. O documento assinado pelos 153 laureados do Nobel salienta a urgência de direcionar recursos a pesquisa e desenvolvimento, aliado também à formulação de políticas e incentivos que estejam baseados em evidências científicas. Isso incluirá o aproveitamento de inovações como inteligência artificial, biologia computacional e técnicas avançadas de genômica.

Infelizmente, o Brasil ainda investe apenas 1% do seu PIB em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, um valor consideravelmente abaixo do que é feito em países como China (2,5%), EUA (3,5%) e Coreia do Sul (4,5%). Por exemplo, a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, encerrou 2024 com um déficit de cerca de R$ 200 milhões. Para 2025, o custo de manutenção das pesquisas agropecuárias está estimado em R$ 510 milhões; porém, o governo federal propôs um orçamento de apenas R$ 137,4 milhões.

Desafios e Oportunidades: O Papel do Agro na Economia Brasileira

Apesar dos obstáculos, o agronegócio do Brasil está destinado a ser o motor da economia em 2025. Para que isso aconteça, é imprescindível que os líderes enxerguem e aproveitem as oportunidades disponíveis. O futuro do Brasil no cenário global pode ser brilhante, desde que haja um compromisso com a inovação e o desenvolvimento sustentável.

*Helen Jacinto é engenheira de alimentos com mais de 15 anos de experiência em empresas como Fazenda Continental e Brahmânia Continental. Além de ter um histórico acadêmico na Universidade do Colorado e em áreas de marketing e carreira no agronegócio, também é juíza de morfologia pela ABCZ.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores e não refletem necessariamente a opinião da Forbes Brasil e de seus editores.