Movimento Favela20: A Voz das Comunidades no G20
Em novembro, o Rio de Janeiro será palco de um evento crucial: a reunião dos líderes das 20 maiores economias do mundo. Nesse encontro, estarão em pauta temas essenciais como o combate à pobreza e a crise climática. Porém, um aspecto que frequentemente é ignorado nessas discussões são as vozes daqueles que mais sofrem com essas questões. Para mudar essa realidade, dois jovens brasileiros, Gabriela Santos e Erley Bispo, fundaram a coalizão Favela20 (F20), com o objetivo de garantir que as comunidades das favelas tenham sua voz respeitada e ouvida nas decisões do G20.
A Luta pela Inclusão
A ideia por trás do F20 surgiu da indignação que Gabriela e Erley sentiram ao participar de eventos internacionais como a COP 28. Em uma entrevista à ONU News, Gabriela expressou a frustração de não ver representações da própria realidade nas mesas de decisão.
“Quando chegamos nesses espaços, não vemos pessoas que compartilham nossas vivências. Isso nos uniu e nos fez perceber que era necessário agir para que nossas vozes ecoassem além do nosso território”, afirmou.
Fundado em julho deste ano, o F20 já reúne 300 integrantes que representam diversas ONGs atuantes em favelas e periferias do Brasil, além de organizações que suportam refugiados. Esse movimento busca promover a inclusão daqueles que são mais afetados pela falta de direitos humanos e infraestrutura, colocando-os em posição central na busca por soluções.
Urgências Levantadas pelo F20
De acordo com Erley, o objetivo do F20 é influenciar a política internacional e a própria estrutura do G20. Para isso, eles já produziram um documento político detalhando suas demandas, que será apresentado aos líderes do bloco.
Entre as principais exigências estão:
- Investimentos em Infraestrutura: Um chamado para direcionar recursos da proposta de taxação de 2% sobre os mais ricos para favelas e periferias, tanto no Brasil quanto em outras áreas do G20.
- Acesso a Direitos: Um foco na garantia de direitos como água potável, saneamento e educação, fundamentais para uma vida digna.
Erley destacou que, caso esses investimentos sejam realizados, as comunidades poderão não só lidar melhor com água e saneamento, mas também integrarem-se em agendas climáticas e sociais mais amplas.
Combate à Desinformação nas Favelas
Gabriela Santos não é apenas uma ativista; ela é também a diretora-executiva do Voz das Comunidades, um veículo de comunicação que nasceu há 19 anos com a missão de informar as favelas sobre o que acontece dentro delas e sobre as notícias que muitas vezes são negligenciadas pela grande mídia.
Durante a pandemia de COVID-19, o Voz das Comunidades implementou uma série de iniciativas para combater a desinformação. O trabalho evoluiu e hoje abrange temas diversos. Para facilitar essa comunicação, a organização criou mais de 20 grupos de WhatsApp com moradores, onde discutem e compartilham informações sobre a veracidade de notícias.
Problemas Emergentes
Gabriela apontou que o crescimento das apostas, especialmente entre os jovens, é uma preocupação crescente nas favelas.
“O jogo do tigrinho é um exemplo claro. A falta de informação referente a esses jogos de aposta viciantes atrai pessoas em situação financeira precária, levando-as a um ciclo de pobreza ainda maior”, observou.
O trabalho do Voz das Comunidades se concentrou em desmistificar a ideia de que essas plataformas de apostas são soluções viáveis. Ao invés disso, eles oferecem um olhar crítico, buscando orientar os moradores sobre os impactos econômicos dessa prática.
A Crise Hídrica no Brasil
Erley Bispo, por sua vez, co-fundou o Instituto Águas Resilientes, que mobiliza jovens para lutar pelo acesso à água e saneamento sob a perspectiva dos direitos humanos. Nascido em uma região que frequentemente enfrentou escassez hídrica, Erley testemunhou em sua própria família as dificuldades que a falta de água pode causar.
“Mais de 35 milhões de brasileiros lidam com problemas de saneamento básico. É inaceitável que em um país tão rico em recursos naturais, mais de 100 milhões de pessoas ainda vivam sem acesso adequado a esse direito”, avaliou.
Erley também alertou para a crise climática, que agrava ainda mais esses desafios. Ele enfatizou a realidade alarmante da bacia amazônica, que representa mais de 70% da água potável do Brasil e atualmente enfrenta a maior seca de sua história.
A Importância da Mobilização Comunitária
Ambos, Gabriela e Erley, concordam que a mobilização comunitária é a chave para enfrentar esses desafios. O F20 não busca apenas ser uma voz nas mesas de poder, mas também fomentar a organização interna nas comunidades, garantindo que todos os moradores sejam parte ativa nas discussões que afetam suas vidas.
Oportunidades por meio da Participação
O movimento Favela20 representa não só uma tentativa de inclusão, mas também um modelo de participação cidadã que pode inspirar outros. Ao estabelecer canais efetivos para que as vozes das favelas sejam ouvidas, eles estão pavimentando o caminho para soluções mais efetivas e humanizadas nos debates do G20 e além.
Gabriela e Erley demonstram que, por meio do ativismo e da organização, é possível transformar a indignação em ação. Essa combinação de luta por direitos e promoção da estética da comunicação é um exemplo poderoso de como os jovens podem se tornar agentes de mudança em contextos adversos.
Conecte-se e Participe
A história do F20 é um chamado à ação. Uma convocação para que todos nós olhemos mais atentamente para as vozes que frequentemente são silenciadas nas grandes discussões políticas. Como você, leitor, pode contribuir para essa transformação? Que iniciativas em sua comunidade podem promover a inclusão e o respeito aos direitos?
Ao refletir sobre essas questões, convidamos você a se envolver, compartilhar suas ideias e conectar-se com movimentos que buscam a justiça social e ambiental. A mudança começa aqui e agora, e cada voz conta.