sexta-feira, novembro 14, 2025

Alianças Estranhas: O Que a América Pode Aprender com Seus Parceiros Inusitados?


Desafios dos “Quasi Aliados” nas Guerras da Atualidade

Durante sua campanha presidencial em 2024, Donald Trump prometeu encerrar as guerras na Ucrânia e na Gaza, talvez até antes de assumir o cargo. No entanto, esses conflitos persistiram, causando imensos custos humanos, enquanto as tentativas de diplomacia avançaram de forma irregular. Nove meses após assumir a presidência, Trump conseguiu intermediar um cessar-fogo entre Israel e o Hamas—mas apenas após o colapso da trégua deixada por Joe Biden e diante de uma crise humanitária crescente em Gaza. Já a guerra na Ucrânia prossegue sem fim à vista.

Esses desafios não são exclusivos de Trump; Biden também enfrentou dificuldades. A complexidade de pôr fim a essas guerras destaca os dilemas estratégicos que os Estados Unidos enfrentam ao lidar com um grupo específico de parceiros—os chamados “quasi aliados”. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os EUA têm cultivado esses aliados, que, embora mais do que meros parceiros, não possuem o status de aliados formais, carecendo do elemento crucial de uma garantia de segurança dos EUA.

O Papel dos Quasi Aliados nas Guerras Modernas

Os conflitos recentes na Ucrânia e no Oriente Médio colocaram os quasi aliados no centro da política externa dos EUA. Os Estados Unidos têm apoiado a Ucrânia em sua resistência à tentativa de subjugação da Rússia, enviando bilhões de dólares em armamentos. Assim, a Ucrânia conseguiu manter sua soberania e independência política, enquanto a Rússia sofreu grandes perdas humanas e materiais—tudo isso sem um confronto direto entre Moscou e Washington.

No Oriente Médio, os EUA facilitaram uma campanha liderada por Israel que teve como objetivo retardar o programa nuclear do Irã e comprometer sua rede regional de grupos armados, embora tais operações tenham exacerbado a crise humanitária em Gaza. Esse histórico evidencia as vantagens de apoiar aliados fortes em meio a conflitos geopolíticos, permitindo que os EUA avancem seus interesses de maneira indireta e menos onerosa.

Entretanto, as tentativas dos EUA de gerenciar a situação nessas guerras também ressaltaram dilemas estratégicos intrínsecos a essas alianças, especialmente em tempos de guerra. Para que Trump cumpra seu objetivo de trazer paz ao Oriente Médio e à Europa, sua administração precisará lidar com esses dilemas de maneira mais eficiente. A experiência de Washington com a Ucrânia e Israel deve servir como base para planejamentos futuros, especialmente com uma eventual situação envolvendo Taiwan.

Definição de Quasi Aliados

Dentro de sua ampla rede de relações globais, os Estados Unidos frequentemente categorizam seus amigos em aliados ou parceiros. Os aliados são vinculados por tratados que incluem cláusulas de defesa mútua, garantindo que um ataque a um deles seja considerado um ataque a todos, enquanto os parceiros podem receber assistência militar, mas não presumem que os EUA intervirão se forem atacados.

Os quasi aliados representam uma categoria intermediária. Eles são países que os EUA consideram valiosos para seus interesses e, frequentemente, recebem treinamento militar significativo, assistência e até mantêm bases de tropas americanas. Algumas dessas nações recebem a distinção confusa de “aliado não pertencente à OTAN”, que não implica um compromisso de segurança.

Apesar dos investimentos substanciais dos EUA, os interesses dos quasi aliados costumam divergir. Os líderes desses países têm suas próprias agendas e prioridades, especialmente em cenários de guerra.

Casos Práticos

Um exemplo prático é a Ucrânia durante a contraofensiva de 2022 contra a Rússia. Mesmo com um plano conjunto, questões como a aversão à perda e rivalidades internas dificultaram a execução da estratégia. Os EUA se viram limitados na capacidade de forçar a Ucrânia a seguir adiante.

Situações semelhantes ocorreram com Israel após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. A política de Netanyahu complicou o apoio dos EUA, que precisou lidar com a restrição de ajuda humanitária e o aumento da construção de assentamentos.

Riscos e Decisões em Tempos de Guerra

Um fator a ser considerado é o nível de risco que os quasi aliados estão dispostos a assumir, que é frequentemente maior do que o dos EUA. Isso pode levar a ações mais agressivas que podem envolver os Estados Unidos em conflitos diretos.

Na Ucrânia, por exemplo, o desejo constante de obter armas de longo alcance como os mísseis ATACMS gerou tensões. Os EUA hesitaram em fornecer esses sistemas devido à preocupação com a escalada da situação. Quando finalmente foram enviados, já não proporcionaram um avanço estratégico significativo.

Da mesma forma, com Israel, Biden teve que moderar os desejos de Netanyahu de ações mais agressivas contra o Irã, argumentando que isso poderia desencadear uma guerra em múltiplas frentes.

A Limitação da Influência

Embora os EUA tenham grande influência devido ao seu poder militar, a realidade é mais complexa. As guerras prolongadas exigem que os Estados Unidos ajudem seus aliados a vencer ou convençam os adversários de que o apoio continuará até um acordo favorável ser alcançado. Isso torna desafiador usar essa assistência como forma de pressão para influenciar as decisões dos quasi aliados.

Trump, em seu esforço para acabar com a guerra na Ucrânia, subestimou a relação de dependência e tentou coagir Zelensky a fazer concessões. Essa abordagem não trouxe os resultados esperados, subestimando a força da ligação entre Washington e Kiev.

Em contraste, Biden optou por um compromisso contínuo de apoio, reforçando a determinação ucraniana, mas isso trouxe à tona a necessidade de encontrar um equilíbrio entre o apoio militar e a pressão para alcançar um acordo de paz.

Encontrando o Equilíbrio

Os dilemas estratégicos gerados pelos quasi aliados são uma realidade persistente para os formuladores de políticas. Para encerrar as guerras na Ucrânia e na Gaza de forma eficaz, uma coordenação cuidadosa é essencial. Aqui estão algumas lições que podem ser extraídas das experiências recentes:

  1. Defina Objetivos Claros: O apoio deve ser oferecido a quasi aliados com objetivos que se alinhem claramente aos interesses dos EUA.

  2. Mecanismos de Alinhamento: É crucial estabelecer canais de comunicação e planejamento estratégico que permitam alinhar prioridades.

  3. Crie Formas de Pressão: A assistência deve ser calibrada estrategicamente, garantindo que o apoio reflita interesses mútuos, em vez de meramente ser coercitiva.

  4. Comunicação Clara: Mensagens públicas que sustentem o apoio aos parceiros, sem criar compromissos impossíveis de manter, são essenciais para evitar repercussões políticas indesejadas.

O Olhar para o Futuro

Um conflito ainda mais significativo pode surgir com uma possível guerra entre China e Taiwan. A natureza da relação quase aliada com Taiwan pode intensificar os dilemas existentes, tornando crucial uma preparação cuidadosa e uma construção de coordenação mútua.

As nações que ocupam posições delicadas em cenários geopolíticos, como Israel, Taiwan e Ucrânia, são essenciais para os Estados Unidos. Para avançar seus interesses numa situação global em constante mudança, a busca de soluções para os dilemas estratégicos das alianças quase formais é fundamental. Compreender os sucessos e fracassos passados pode ajudar os formuladores de políticas a desenvolver um plano mais eficaz para o futuro.

Se você se interessa por assuntos de política internacional e as complexidades das alianças contemporâneas, não hesite em compartilhar suas reflexões e continuemos a conversa sobre como os Estados Unidos podem navegar em um mundo repleto de desafios.

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